Rússia testa possibilidade de ainda ser potência global

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Na ótica de Moscovo, as negociações sobre a Ucrânia são para serem mantidas entre duas potências: os Estados Unidos e a Rússia. Até quando irão os norte-americanos dizer que não?

A decisão de a Rússia ter avançado com a possibilidade de abertura de negociações sobre a Ucrânia não é inesperada nem no timing, nem no país a que se dirige, os Estados Unidos. Mas é também uma defesa que importa ter em atenção. Para o analista de assuntos internacionais Francisco Seixas da Costa, “é claro que a Rússia não iria propor negociações senão aos Estados Unidos”, no contexto em que o Kremlin observa o presidente ucraniano como uma espécie de ‘pião’ que pouco vale no quadro da guerra – e principalmente no quadro da paz. Vale a pena recordar que – segundo os especialistas em política russa, o antigo país dos sovietes considera-se a si mesmo uma potência mundial; ou mais propriamente a potência mundial que é desde sempre. Nesse contexto, negociações de paz só podem ter-se, considerará Vladimir Putin, com ‘o outro lado do espelho’ e não com um país que, no limite – no entender do presidente russo – é mais russo que outra coisa qualquer. E para todos os efeitos é eslavo, tal como a Rússia.

Mas, como afirma, Seixas da Costa, se tudo isto era previsível e mesmo expectável, o outro lado – o timing – só é previsível no quadro em que a Rússia parece testar ali uma escapatória para a guerra. Ou seja: a ameaça de utilização de armas nucleares táticas “é uma retórica que o Kremlin não pode usar indefinidamente” – e, ou cumpre a ameaça, ou encontra uma forma de não ter de a cumprir. Negociações com os Estados Unidos são uma forma de não ter de a cumprir.

Como nada do que tem a ver com uma guerra exige muita pressa, a decisão de Kremlin de avançar com a proposta pode ser um sinal que fica para o próximo presidente dos Estados Unidos, cuja identidade ficará conhecida dentro de cinco meses.

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