“Se UE e EUA concordam com dois Estados, então implementem”

5 meses atrás 38

Defensor da paz, Nabil Abuznaid relembra que o direito internacional considera a Palestina território ocupado, criticando a falta de ação ocidental face às repetidas violações israelitas. Reconhecendo que a Fatah está a perder terreno para o Hamas, o oficial palestiniano em Portugal sublinha as dificuldades de governar sob ocupação, mas vê no caso português algumas lições para um futuro Estado da Palestina.

Oataque do Hamas a 7 de outubro reacendeu o foco mundial num conflito que dura há quase 80 anos e que muito tem polarizado, mas pouco tem avançado para a solução de dois Estados, que parece reunir o consenso da comunidade internacional. Para o embaixador da Palestina em Portugal, Nabil Abuznaid, a demora em reconhecer o Estado palestiniano só beneficia a ocupação israelita, que acusa de impunidade. Ainda assim, há espaço para a autocrítica, sobretudo à Fatah, cada vez mais irrelevante para a população.

Marcelo Rebelo de Sousa teve palavras polémicas sobre a responsabilidade da situação em Gaza e, mais recentemente, o ministro dos Negócios Estrangeiros reiterou o apoio português a Israel. Como avalia a posição portuguesa relativamente a este assunto?
Depende da expectativa. Se compararmos a posição oficial do Governo português com outros países europeus, podemos dizer que é justa; se compararmos com as expectativas palestinianas, é curta. Por isso é que o problema dos palestinianos se relaciona com Israel, mas também com a postura europeia e americana. O problema é único porque é americano, vê-se como os EUA mandaram o presidente, o secretário de Estado, o secretário da Defesa, o chefe da CIA, pessoal e líderes militares, [Anthony] Blinken esteve nas reuniões do conselho de guerra… Diz-nos que este conflito não é meramente entre israelitas e palestinianos. Na Europa há um certo sentimento de culpa que leva a um apoio a Israel independentemente do que faça, como um bebé mimado. Nos primeiros dois dias, os EUA lideraram o processo de formação de opinião pública: o presidente Biden falou nas crianças decapitadas, que se veio a ver que era falso, mas por isso é que a Europa enlouqueceu. Não questionaram a veracidade destas alegações. Este conflito não é fácil, conhecendo os países envolvidos. Na maior parte das vezes, as decisões são tomadas para agradar aos norte-americanos.

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