Sessão de Cinema: “O Velho do Restelo”

10 meses atrás 93

Cultura

Foi um dos derradeiros títulos da filmografia de Manoel de Oliveira: um encontro fantástico de quatro personagens emblemáticas, envolvendo as epopeias e tragédias da história de Portugal.

Luís Miguel Cintra, isto é, Luís de Camões encenado por Manoel de Oliveira

Luís Miguel Cintra, isto é, Luís de Camões encenado por Manoel de Oliveira

De "Aniki-Bóbó" (1942) a "O Gebo e a Sombra" (2012), o valor histórico e simbólico das longas-metragens de Manoel de Oliveira (1908-2015) leva, por vezes, a esquecer que, desde o começo, com "Douro, Faina Fluvial" (1931), ele foi também um cultor do formato curto. Saúde-se, por isso, a disponibilidade em streaming de um dos seus derradeiros trabalhos de curta duração: "O Velho do Restelo" (2012).

O menos que se pode dizer é que se trata de uma revisitação da nossa história, das suas epopeias e tragédias, através de quatro personagens emblemáticas. Três são referências realistas da nossa memória colectiva: Luís de Camões, Camilo Castelo Branco, Teixeira de Pascoaes — interpretados, respectivamente, por Luís Miguel Cintra, Mário Barroso e Diogo Dória. A quarta pertence ao domínio da lenda e do imaginário popular, ou seja, D. Quixote, composto por Ricardo Trêpa.

Há qualquer coisa de assumidamente teatral no seu encontro num jardim dos nossos dias, tendo em fundo várias moradias contemporâneas (as filmagens decorreram, aliás, na zona do Porto em que Oliveira habitava). Ao mesmo tempo, a teatralidade que pontua o diálogo a quatro só existe através de uma "mise en scène" especificamente cinematográfica, reflectindo, afinal, o requintado sentido do espaço e do tempo que Oliveira cultivou. Em resumo: um filme sobre o que fomos como povo, o que somos e o que imaginamos ser.

Filmin

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