Socialistas põem fim a maioria independentista na Catalunha. Eis como foi

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"Os catalães decidiram que cabe ao PSC [Partido Socialista da Catalunha] liderar esta nova etapa", afirmou o líder dos socialistas catalães, Salvador Illa, no domingo à noite.

Illa disse que pretende ser o próximo presidente do governo regional (Generalitat) e que se vai submeter à sessão de investidura no parlamento autonómico, mas não revelou se e com quem pretende negociar a viabilização do executivo.

Os socialistas elegeram 42 deputados (mais nove do que nas eleições anteriores) e são necessários 68 para a maioria absoluta.

A par da vitória do PSC, os partidos independentistas perderam no domingo a maioria absoluta que há 14 anos tinham no parlamento da Catalunha e com a qual, através de uma "frente separatista" que unia direita e esquerda, foram viabilizando sucessivos executivos.

Nestes 14 anos, a Catalunha passou por um processo independentista que culminou com uma tentativa de autodeterminação em 2017 protagonizada pelo então presidente regional Carles Puigdemont, do partido Juntos pela Catalunha (JxCat), que foi o segundo mais votado no domingo e elegeu 35 deputados (mais três do que atualmente).

Apesar de não haver maioria absoluta independentista no novo parlamento, Puigdemont declarou estar pronto para formar um "governo sólido" e desafiou a também separatista Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) a refletir sobre "os efeitos da desunião".

Esquerda Republicana assume

Esquerda Republicana assume "muito maus resultados" e passa à oposição

O dirigente da independentista Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) Pere Aragonès assumiu hoje os "muito maus resultados" nas eleições autonómicas catalãs e não revelou se o partido poderá viabilizar um governo liderado pelos socialistas.

Lusa | 23:30 - 12/05/2024

Puigdemont, que vive fora de Espanha desde 2017 para escapar à justiça, disse na campanha que abandonará a política se não for reeleito presidente regional após estas eleições.

A ERC, que está à frente do atual governo regional, caiu para o terceiro lugar e perdeu 13 deputados (ficou com 20).

O dirigente da ERC e ainda presidente da Generalitat, Pere Aragonès, assumiu os "muito maus resultados" e disse que o partido passa à oposição.

Apesar da derrota, a ERC pode ser determinante para a viabilização do governo que o socialista Salvador Illa quer liderar.

Illa admitiu durante a campanha governar com o apoio da ERC, partido que viabilizou todos os governos do primeiro-ministro de Espanha, o socialista Pedro Sánchez, com quem negociou indultos e uma amnistia para independentistas.

A ERC nunca se comprometeu com uma aliança com os socialistas na Catalunha, mas também nunca a excluiu, e Aragonès nada adiantou nas declarações que fez em Barcelona no domingo.

Illa precisaria ainda do apoio do Comuns Somar, plataforma de esquerda que faz parte do Somar, o partido que está na coligação do Governo de Espanha com o Partido Socialista Espanhol (PSOE).

A candidata do Comuns Somar, Jessica Albiach, que elegeu seis deputados, confirmou no domingo a disponibilidade para viabilizar um governo de Illa na Catalunha.

Os três partidos (PSC, ERC e Comuns Somar) elegeram precisamente os 68 deputados que garantem uma maioria absoluta no 'parlament'.

Quem entra e quem sai no 'parlament'?

Outra mudança que trouxeram estas eleições catalãs foi a entrada de um novo partido no 'parlament', a Aliança Catalã, independentista e de extrema-direita.

A Aliança Catalã elegeu dois deputados e a Catalunha passou a ter o único parlamento em Espanha com dois partidos de extrema-direita representados. O outro é o Vox, que manteve os 11 deputados que já tinha.

Em paralelo, o Cidadãos (direita liberal), que tinham seis deputados, desapareceu do parlamento catalão, depois de ter ganhado umas eleições autonómicas em 2017, as primeiras após a declaração unilateral de independência.

Catalunha. Cidadãos sai do parlamento, mas promete voltar a candidatar-se

Catalunha. Cidadãos sai do parlamento, mas promete voltar a candidatar-se

O candidato do Cidadãos (direita liberal), Carlos Carrizosa, que perdeu os seis lugares no parlamento da Catalunha nas eleições regionais, garantiu hoje que o partido não desapareceu e voltará a apresentar-se nos próximos atos eleitorais.

Lusa | 21:54 - 12/05/2024

O desaparecimento do Cidadãos favoreceu o Partido Popular (PP, direita), que passou de três para 15 deputados e foi a formação que mais cresceu nestas eleições.

O presidente do Partido Popular da Catalunha, Alejandro Fernández, considerou que os catalães "deram por terminado o processo" separatista no domingo e pediu respeito pelo "mandato da sociedade".

Conseguiu ainda representação no 'parlament' a Candidatura de Unidade Popular (CUP), da esquerda independentista, que perdeu cinco deputados e passou a ficar com quatro.

Votaram nas eleições 57,94% dos eleitores, um aumento de 6,6 pontos em relação às autonómicas catalãs anteriores, que se realizaram em 2021, em pandemia de Covid-19.

A reação de Sánchez

O líder do PSOE, Pedro Sánchez, aplaudiu o "resultado histórico" dos socialistas nas eleições regionais da Catalunha, considerando que abre "uma nova etapa" para "melhorar a vida dos cidadãos" na região.

Numa mensagem publicada na rede X, o presidente do governo espanhol felicitou o líder do Partido Socialista da Catalunha (PSC), Salvador Illa, por "este histórico resultado conseguido na Catalunha".

Quando estavam contados 99% dos votos, os socialistas catalães tinham conquistado quase 870 mil votos e 42 deputados no 'parlament'.

"Os socialistas voltam a ser a primeira força. A partir de hoje, começa uma nova era na Catalunha para melhorar a vida dos cidadãos, alargar os direitos e reforçar a convivência", declarou Sánchez.

O líder socialista escreveu ainda, em catalão: "A Catalunha está preparada para concretizar um novo futuro e para viver um tempo de esperança".

Enhorabuena, @salvadorilla, por este histórico resultado conseguido en Catalunya.

Los socialistas volvemos a ser la primera fuerza.

Desde hoy se abre una nueva etapa en Catalunya para mejorar la vida de la ciudadanía, ampliar derechos y reforzar la convivencia.

Quiero…

— Pedro Sánchez (@sanchezcastejon) May 12, 2024

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