Startup DeHouse faz parceria com Sonae Sierra para abrir cowork em centro comercial do Porto

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A empresa liderada por Tomás Pitta e Tiago Carvalho Araújo, fundada em plena pandemia, vai inaugurar no próximo mês de outubro um novo espaço dentro do ‘shopping’ Península Boutique Center com 260 postos de trabalho para vários negócios. No futuro, pretende dinamizar os escritórios das empresas que têm muitos colaboradores em casa.

O centro comercial Península Boutique Center, no Porto, vai ganhar mais vida a partir de outubro. A startup de operação e gestão de coworks DeHouse fechou uma parceria com a Sonae Sierra para utilizar um espaço do shopping e abrir uma zona de escritórios para empresas. A intenção é criar ali, na Praça Bom Sucesso, um novo ecossistema de negócios.

O esboço inicial deste cowork tem capacidade para 260 postos de trabalho, avançou ao Jornal Económico (JE) um dos cofundadores da DeHouse. Todavia, o plano de investimento ainda está em curso. “Quisemos apostar também nos shoppings. Achamos que no futuro os centros comerciais serão cada vez mais áreas de trabalho, porque as pessoas vão lá menos para fazer compras…. Fazem tudo online. Reparámos que o Península estava praticamente vazio e contactámos a Sonae [Sierra]”, conta Tomás Pitta ao JE.

Fundada em 2021 por Tiago Carvalho Araújo e Tomás Pitta, a DeHouse conta com três espaços (coworks) no Porto e dois em Braga, onde se encontram cerca de 800 clientes, 95% dos quais empresas. Nessa lista estão tecnológicas como a Volkswagen Digital Solutions, Visma e Siemens, Web Summit, as consultoras PwC e NTT Data e startups reconhecidas no mercado, nomeadamente a Exclusible, Chainlink, Lympid, Realfevr ou Utrust. “Estamos a fechar mais alguns contratos. Até ao final do ano chegaremos aos mil clientes”, admitiu Tomás Pitta sem apresentar detalhes.

É essa a razão pela qual a DeHouse se identifica mais com o termo “flex office” – escritório flexível – do que com “cowork” – espaço de trabalho compartilhado – uma vez que os escritórios, mais do que um modelo chave na mão, são personalizáveis. Ainda assim, salvaguarda: “Não queremos ter espaços 100% privatizados, porque acreditamos no sentido de comunidade e open space”.

“O cowork típico tem os nómadas digitais e depois salas com X lugares. Connosco é o oposto, porque temos um layout sugestivo, encontramos os clientes e adaptamos o espaço. Imaginemos que a empresa diz que quer fechar ali uma parte, ter mais dois gabinetes, etc. Estudamos o ADN da empresa e fazemos o projeto todo, porque temos o background da empresa de mobiliário”, explica o empreendedor, referindo-se à Caos, também fundada e liderada por Tiago Carvalho Araújo.

Na opinião de Tomás Pitta, as empresas estão a dar flexibilidade aos seus colaboradores, com o regime de trabalho híbrido, contudo valorizam cada vez mais o regresso ao escritório. Porquê? “Para que as pessoas estejam umas com as outras, as equipas se conheçam… Nós até acreditamos que, no futuro, os escritórios serão espaços sociais e não de trabalho. As pessoas trabalham em casa, mas têm de se conhecer e ter ligações”, diz.

Em outubro entrarão também recursos humanos para a startup, que ficará com 14 pessoas. “É um mercado [coworking] com bastante concorrência, mas não está de todo saturado. Há cada vez mais investimento. Temos empresas de grande dimensão connosco que antes nunca acreditámos que se fossem adaptar este modelo de trabalho em cowork. Tendencialmente, são empresas que trabalham de outra forma, mas estão a virar um pouco para este lado e a procurar flexibilidade e comunidade”, garante.

“Os escritórios são fontes de despesa para as empresas, porque têm os trabalhadores em casa. Queremos rentabilizá-los e depois fazer a partilha das receitas”

A DeHouse tem uma estratégia mais ambiciosa: “ser uma operadora em vez de um espaço de cowork”. O objetivo é iniciar a expansão noutras regiões do país – além do norte, onde começou por haver menos concorrência – e começar a rentabilizar escritórios de empresas que não os utilizam devido ao modelo de teletrabalho. Suponha que tem um escritório que lhe implica elevados custos. Chega ao computador, regista na plataforma digital a disponibilidade para ser explorado como cowork e no fim recebe parte do valor desse aluguer.

“Muitas empresas precisaram de fazer investimentos em escritórios e têm muitos colaboradores a trabalhar em casa. Ou seja, neste momento, os escritórios são fontes de despesa para as empresas. A nossa ideia é encontrar esses espaços, meter a nossa marca, rentabilizar o espaço e dar a revenue share [partilha de receita] ao proprietário”, conta Tomás Pitta ao JE, reconhecendo que terão de investir em tecnologia.

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