Trump e o dólar

2 meses atrás 37

À medida que se aproximam as eleições de novembro, o mercado vai especulando acerca do impacto no dólar de uma eventual vitória de Donald Trump. O próprio tem vindo a dar a entender que pretende fazer uma rutura com as políticas atuais, mas há dois aspetos que podem ajudar a limitar a incerteza. O primeiro é que Trump já admitiu que irá manter Jerome Powell como Presidente da FED, o que é um sinal de estabilidade. Por outro lado, Trump já foi presidente, pelo que será útil olhar para o que aconteceu de novembro de 2016 a janeiro de 2021.

Face ao euro, o comportamento do dólar no primeiro mandato de Donald Trump não foi uniforme, com quatro períodos muito diferentes: o 1º, desde a sua eleição até à tomada de posse, caracterizou-se pela valorização do dólar; o 2º período, de queda acentuada do dólar, aconteceu desde a tomada de posse até janeiro de 2018; O 3º período decorreu de janeiro de 2018 até à primavera de 2020 – início da pandemia de Covid-19.  O 4º período, de queda do dólar, estendeu-se até à tomada de posse de Joe Biden. Não sendo possível identificar uma tendência do dólar ao longo do mandato, houve uma ligação entre o comportamento do mercado e a atuação política da Casa Branca.

Dentro da imprevisibilidade intrínseca a Donald Trump, é provável que o “trumpismo” seja mais incisivo num segundo mandato, com a intenção de o transformar numa “filosofia política” mais enraizada no Partido Republicano e na sociedade dos EUA. Ou seja, Trump deverá tentar criar um legado ideológico, que é percetível na escolha feita para a vice-presidência, com eco na ação política. Desta forma, o dólar americano poderá voltar a ser caracterizado mais por volatilidade do que tendência, evoluindo de acordo com alguns pontos: disputas comerciais e protecionismo; políticas pró-empresariais; expectativas de redução de impostos e desregulamentação; tensões geopolíticas e a incerteza em torno da política externa dos EUA; evolução das contas públicas, nomeadamente ao nível da gestão da dívida.

Grande parte do sucesso do dólar reside na sua valência como moeda de refúgio. Se Trump for reeleito, essa perceção poderá ser posta em causa, pese embora ter sido durante o mandato de Biden que os EUA retiveram, por via de sanções, ativos russos. De um modo geral, a vitória de Trump deverá aumentar a volatilidade do mercado com base nas implicações da agenda “MAGA/America First” no comércio internacional, geopolítica, contas públicas e demais decisões económicas. Vale a pena notar que a volatilidade do dólar tem sido relativamente baixa nos últimos dois anos.

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