Ucrânia ataca terminal de gás russo, Moscovo acusa Kiev de “ato terrorista bárbaro”: o essencial do 698.º dia de guerra

8 meses atrás 33

Quase a chegar aos dois anos, a guerra na Ucrânia parece não estar próxima do fim. De ambos os lados, somam-se os ataques, trocam-se acusações e deixa-se um rasto de milhares de mortes pelo caminho.

Depois de Kiev ter reivindicado o ataque a um depósito de petróleo russo em São Petersburgo, a ofensiva aérea ucraniana estendeu-se também até ao mar Báltico onde atacou um terminal de gás russo e várias instalações militares nas regiões de Smolensk, Tula e Oriol.

Já do lado do Kremlin, a defesa aérea russa afirmou ter impedido um grande ataque aéreo ucraniano contra várias posições na península da Crimeia, região da Ucrânia ocupada pela Rússia em 2014. Ainda do lado russo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros acusou a Ucrânia de protagonizar um “ato terrorista bárbaro” na região de Donetsk que causou, pelo menos, 25 mortos e 20 feridos.

De acordo com uma fonte dos serviços secretos ucranianos, citada pelo grupo de media RBK, um drone ucraniano foi responsável por um incêndio no terminal de gás russo, no mar Báltico, operado pela empresa russa Novatek em Ust-Luga. “O ataque foi preciso. Provocou um enorme incêndio, que ainda não foi extinto”, referiu a citada fonte, acrescentando que os russos foram obrigados a "evacuar os trabalhadores".

O terminal de gás liquefeito, onde ocorreu a explosão, está localizado a 110 quilómetros a oeste de São Petersburgo e a cerca de 1.000 quilómetros da fronteira com a Ucrânia, tendo a referida fonte dos serviços secretos militares ucranianos afirmado que é nesse local que é processado "o combustível que, em concreto, vai para o exército russo". "Um ataque bem-sucedido contra este terminal causa não apenas perdas económicas ao inimigo, privando-o da oportunidade de ganhar dinheiro com a guerra na Ucrânia, como também complica de forma significativa a logística do combustível do exército russo", assinalou ainda.

Já no território ucraniano, onde ocorre a maior parte dos confrontos, as tropas de Kiev foram acusadas pela Rússia de serem responsáveis por um ataque na zona ocupada de Donetsk, onde decorre uma intensificação do conflito. Segundo a informação divulgada pelo presidente do município de Donetsk no Telegram, o ataque causou 18 mortes e 13 feridos. Contudo, a atualização comunicada pelo líder da República Popular de Donetsk, responsável pela entidade territorial incorporada na Rússia, subiu o número de mortes para as 25 e de feridos para os 20, “incluindo duas crianças com gravidade média”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, em comunicado, indicou que “o regime neonazi em Kiev, apoiado pelos Estados Unidos e pelos seus satélites, cometeu mais uma vez um ato terrorista bárbaro contra a população civil da Rússia”. No entanto, Kiev não comentou o ataque e, segundo a agência Associated Press, ainda não foi possível verificar de forma independente as informações transmitidas.

Segundo a informação russa, a sua defesa aérea conseguiu ainda impedir um grande ataque aéreo ucraniano contra várias posições na península da Crimeia. A Rússia confirmou o abate de dois drones ucranianos ao largo da costa ocidental da Crimeia, o abate de dois mísseis que se dirigiam para a península quando sobrevoavam a região de Genichesk (na região de Kherson, controlada pela Rússia) e o abate de um "objeto aéreo" sobre as águas ao largo de Sebastopol.

O governador russo de Sebastopol, Mikhail Razvozhayev, confirmou apenas "várias explosões" na cidade e o encerramento temporário da ponte da Crimeia e dos transportes públicos por volta do meio-dia, embora o tráfego tenha sido restabelecido uma hora mais tarde.

Outras notícias do dia:

⇒ O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sublinhou que não assinará qualquer acordo que implique a entrega da Crimeia e do Donbass à Rússia, ao mesmo tempo que censurou o homólogo russo, Vladimir Putin, por não querer verdadeiramente a paz. “Ele [Putin] nunca quis a paz, mas aspira a ocupar todo o país”, disse o líder ucraniano numa entrevista ao Channel 4 News. “Se quisermos impedi-lo, se o mundo quer que isto não volte a acontecer, que esta agressão não se repita durante alguns anos, a melhor coisa a fazer é lidar com isto agora", defendeu.

⇒ A Coreia do Norte afirmou este domingo que Vladimir Putin expressou vontade de visitar o país num futuro próximo, em resposta a um convite do líder Kim Jong-un, informou a agência de notícias oficial KCNA. O presidente russo comunicou a intenção à ministra dos Negócios Estrangeiros norte-coreana, Choe Son-hui, durante uma visita da responsável à Rússia entre 15 e 17 de janeiro, indicou a KCNA. A visita da ministra norte-coreana a Moscovo ocorreu "numa altura em que as relações de amizade e cooperação entre os dois países entraram definitivamente no curso de um novo desenvolvimento integral", afirmou ainda a agência estatal.

⇒ George Robertson, ex-secretário-geral da NATO, alertou para as consequências internacionais de uma eventual vitória da Rússia na guerra com a Ucrânia. Em entrevista ao The Telegraph, George Robertson concordou que se vivem “tempos perigosos” e defendeu que a estratégia de congelamento do conflito com a Rússia será autodestrutiva. “Se a Ucrânia perder, os nossos inimigos decidirão a ordem mundial”, vincou de forma a alertar os restantes países para a importância de uma vitória ucraniana que só será possível com a ajuda dos restantes aliados.

⇒ Em Lisboa, mais de 100 pessoas participaram este domingo num comício de protesto contra Vladimir Putin. Os participantes apelaram ainda à libertação de presos políticos. Tanto Lisboa como o Porto integraram iniciativas em, pelo menos, outras 120 cidades de 40 países em todo o mundo, promovidas pela Fundação AntiCorrupção, fundada pelo opositor russo Alexey Navalny. Pela organização, Timofey sublinhou o objetivo de “mobilizar as pessoas contra o Putin, na véspera da farsa eleitoral”.“Cada um de nós que está aqui hoje tem de sensibilizar mais 10 pessoas contra esta luta”, referiu à Lusa, recordando que todos os sábados são promovidas manifestações junto da embaixada da Rússia e informou que no dia das eleições – 17 de março – decorrerá uma “manifestação considerável” no mesmo local.

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