Uma negociação difícil resultou num acordo marcado por muitas abstenções e o não da Alemanha.
Depois de vários meses de negociação, os países da União Europeia (UE) chegaram a um acordo sobre a aplicação de tarifas mais elevadas aos elétricos produzidos na China.
Em causa está a “concorrência desleal” do Governo Chinês, que Bruxelas acusa de financiar e de fazer baixar artificialmente os preços dos carros elétricos produzidos naquele país.
A votação, que aconteceu esta sexta-feira de manhã, foi marcada por muitas abstenções e está longe de ser um tema pacífico. Segundo avança a Reuters, foram 10 os Estados-membros que votaram a favor (31,36%), 5 votaram contra (22,65%), incluíndo a Alemanha, e 12 (44,99%) abstiveram-se.
© MG A MG é uma das marcas mais penalizadas com esta decisão, com tarifas que vão ultrapassar os 45%.Não houve uma maioria qualificada, mas também não houve uma maioria simples a votar desfavoravelmente. Isto significa que a Comissão Europeia poderá avançar com a implementação das tarifas.
A grande abstenção registada nas votações, parece ser um reflexo das dúvidas sobre qual a estratégia certa para enfrentar a China. Os receios de retaliação comercial, também fizeram muitos países recuar, à medida que a data decisiva se aproximava.
Na passada quinta-feira, Espanha, que se absteve, disse que a UE deveria procurar um entendimento e negociar com a China. “Há muito em risco na nossa indústria doméstica”, escreveu Carlos Cuerpo, ministro da economia, numa carta direcionada ao vice-presidente da CE, Valdis Dombrovskis.
Apesar dos resultados da votações, a CE garante que vai continuar a negociar com a China em paralelo “para explorar uma solução alternativa“. A regulação final só será anunciada no dia 30 de outubro, avançou também a Comissão.
Próximos passos
A CE vai agora avançar com a implementação das tarifas, que vão estar em vigor durante os próximos cinco anos.
As tarifas suplementares têm assim como objetivo compensar os efeitos prejudiciais dos subsídios e reduzir as diferenças entre os construtores chineses e europeus.
Tarifas ligeiramente mais baixas
As tarifas de importação previamente anunciadas foram, entretanto, revistas em baixa, ainda que muito ligeiramente. Se antes iam até aos 37,6%, a taxa máxima fixa-se agora nos 35,3%. Convém recordar que a esta taxa serão acrescentados os 10% que já estão a ser aplicados atualmente. Ou seja, há automóveis elétricos “made in China” que poderão ser taxados até 45,3%.
As tarifas impostas não são iguais para todos os fabricantes de automóveis, sendo que aos que não cooperaram com a investigação da UE, será aplicada a taxa máxima. Os que cooperaram terão taxas mais reduzidas. Estes são os novos valores:
Aiways | Aiways (todos) | 20,7% |
BMW-Brilliance | BMW iX3 | 20,7% |
BMW-Great Wall Motors | Mini Cooper e Aceman | 35,3% |
BYD | BYD (todos); Denza (todos) | 17% |
Changan | Avatr (todos) | 20,7% |
Chery | Omoda (todos) | 20,7% |
Dongfeng | Dacia Spring (joint venture Renault); Forthing (todos); Seres (todos); Voyah (todos) | 20,7% |
FAW | Hongqi (todos); | 20,7% |
Geely | Lynk & Co (todos); Lotus Eletre e Emeya; Polestar (todos); Smart (todos); Volvo EX30 e EX90; Zeekr (todos) | 18,8% |
Great Wall Motors | GWM (todos) | 20,7% |
Leapmotor | Leapmotor (todos) | 20,7% |
NIO | NIO (todos) | 20,7% |
SAIC | MG (todos); Maxus (todos) | 35,3% |
Tesla | Model 3 | 7,8% |
Volkswagen-JAC | CUPRA Tavascan | 35,3% |
XPeng | XPeng (todos) | 20,7% |
A UE não é a primeira a avançar com tarifas de importação aos elétricos produzidos na China. Tanto os EUA como o Canadá anunciaram tarifas de 100%.
Fonte: Automotive News Europe, Euronews e Reuters