UE valida eleições no Paquistão mas lamenta "fala de condições de concorrência"

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"Lamentamos a falta de condições de concorrência equitativas devido à impossibilidade de alguns intervenientes políticos concorrerem às eleições, às restrições à liberdade de reunião, à liberdade de expressão (...), às restrições de acesso à Internet, bem como às alegações de graves interferências no processo eleitoral, incluindo detenções de ativistas políticos", lê-se num comunicado do chefe da diplomacia dos 27, Josep Borrell.

No entanto, Bruxelas apela às "autoridades competentes" para que assegurem uma "investigação atempada e completa de todas as irregularidades eleitorais comunicadas" e que apliquem as recomendações do próximo relatório da missão de peritos eleitorais da UE.

Para melhor justificar a validação das eleições paquistanesas de quinta-feira, a UE admite que as autoridades de Islamabade foram confrontadas com "a difícil tarefa de fazer face a graves ameaças e ataques terroristas".

Na votação estavam inscritos 127 milhões de eleitores para escolher entre os 44 partidos políticos em liça pelos 266 lugares na Assembleia Nacional, ou câmara baixa do parlamento, com mais 70 lugares reservados para mulheres e minorias

Os candidatos independentes apoiados pelo ex-primeiro-ministro Imran Khan, que se encontra preso, estavam hoje a liderar os primeiros resultados das eleições nacionais no Paquistão, anunciou a Comissão Eleitoral.

O órgão de supervisão eleitoral do país asiático divulgou mais de 120 resultados após um atraso de horas, um dia depois da votação que foi marcada por violência esporádica e um corte nos serviços de telemóvel.

Dos 122 resultados anunciados pela Comissão Eleitoral para a Assembleia Nacional, ou câmara baixa do parlamento, os candidatos apoiados pelo partido de Khan ficaram à frente com 49 lugares.

O partido da Liga Muçulmana do Paquistão, de Nawaz Sharif, que foi três vezes primeiro-ministro, obteve 39 lugares, enquanto o Partido Popular do Paquistão conseguiu 30.

Se nenhum partido obtiver uma maioria absoluta, o que tiver a maior percentagem de lugares pode formar um governo de coligação.

Mais de 50 ataques classificados como "terroristas" durante as eleições causaram 12 mortos, a maioria membros das forças de segurança, informou o Exército.

"Foram registados 51 ataques terroristas cobardes, principalmente nas províncias de Khyber Pakhtunkhwa (KP) e Baluchistão, com o objetivo de perturbar o processo eleitoral", segundo um comunicado das forças armadas paquistanesas, citado pela EFE.

Como resultado, "12 pessoas, incluindo 10 membros das forças de segurança e da polícia, foram mortas e outras 39 ficaram feridas", informou o Exército, sem adiantar detalhes de como ou quando ocorreram os incidentes.

Este é o primeiro balanço de violência durante as eleições, que foram realizadas sob medidas especiais, devido ao aumento dos ataques armados em diversas regiões.

As eleições foram também marcadas pela interrupção dos serviços de telecomunicações móveis, ordenada pelo próprio Governo, o que reduziu o fluxo de informações e reportes em tempo real sobre o que estava a acontecer nos locais de voto.

"A União Europeia regista a conclusão do escrutínio para as eleições gerais, após vários meses de adiamento e incerteza, e num contexto de tensão em matéria de segurança. A participação do povo paquistanês no exercício do seu direito de voto, apesar das barreiras sistémicas que as mulheres e as pessoas pertencentes a minorias ainda enfrentam, demonstra o seu empenho na democracia e no Estado de direito", lê-se no comunicado.

No documento, Bruxelas também condena todos os atos de violência ocorridos no período que antecedeu as eleições e apela a todas as partes e intervenientes para que recorram a mecanismos pacíficos e democráticos para resolver os diferendos, abstendo-se de novos atos de violência.

"A UE atribui a maior importância ao pluralismo político, aos valores democráticos, à independência dos meios de comunicação social, a uma sociedade civil dinâmica, à independência judicial e às normas internacionais em matéria de direitos humanos, que são fundamentais para a realização de eleições democráticas", acrescenta.

"Apelamos a todos os atores políticos do Paquistão para que se empenhem num diálogo pacífico e inclusivo com vista à formação de um governo estável e respeitem os direitos humanos em conformidade com a Constituição da República Islâmica do Paquistão, bem como com os tratados internacionais de que o Paquistão é parte", sublinha a UE.

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