Ventura critica Von der Leyen. Tânger Corrêa na sua praia (internacional)

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André Ventura, líder do Chega, garante que "sente um alívio" em não ter pessoas como Ursula von der Leyen na sua campanha eleitoral para as europeias. É assim que reage à notícia de que a presidente da Comissão Europeia vai entrar na campanha da Aliança Democrática (AD).

"Se a AD se sente confortável com Von der Leyen é um problema de Luís Montenegro. Mas quem já se sentiu confortável com Miguel Albuquerque na Madeira, não me espanta. Só falta José Sócrates aparecer na campanha do PS", ironiza André Ventura em declarações no início de uma arruada em Elvas, distrito de Évora.

Em causa estão as suspeitas que recaem sobre a atual presidente da Comissão Europeia no caso PfizerGate, onde Von der Leyen é suspeita de corrupção e interferência política na compra de vacinas contra a Covid-19.

Questionado se sente falta da presença de um "peso pesado" da política europeia na sua campanha, André Ventura garante que isso só não acontece porque ele "não quer".

Em dia calor Tânger Corrêa mergulha na sua praia: temas internacionais

É peixe na água quando os temas são sobre conflitos internacionais, questões diplomáticas ou geopolítica. Sente dificuldades em combate político e campanha. A tática está decidida: Ventura mata, Tânger esfola.

O cabeça de lista às europeias tem estado na segunda linha durante as ações de campanha. O relógio recua e é sempre André Ventura, líder do partido, que assume a dianteira da caravana do Chega.

Esta quinta-feira a receita foi a mesma. O partido passou pela cidade de Estremoz, distrito de Évora, onde supostamente iria ter uma arruada. Supostamente, porque os 35 graus centígrados à hora de almoço fizeram o Chega repensar. Acabou por ser uma declaração aos jornalistas e os dirigentes do Chega seguiram para uma pequena volta onde cumprimentaram pessoas, tiraram fotografias e abasteceram-se de água num café.

As dificuldades de António Tânger Corrêa em responder a perguntas muito políticas são claras e até assumidas pelo próprio: “Em política interna não sou grande espingarda”, disse o candidato numa entrevista recente à Renascença e jornal Público. E é contra isso que o partido rema.

Em todas as ações de campanha é André Ventura o primeiro a falar aos jornalistas, onde tenta secar os temas nacionais e deixar para Tânger Corrêa os esclarecimentos relacionados com relações exteriores de Portugal e da União Europeia.

E esta quinta-feira a tática correu melhor. Como tem sido habitual, André Ventura chegou-se à frente para responder às perguntas dos jornalistas sobre os mais variados temas (imigração, controlo de fundos europeus, uso de armas europeias em solo russo e picardias políticas com o BE) e quando Tânger Corrêa falou já só sobraram questões com as quais ele se sente confortável.

O candidato rejeitou prontamente um eventual apoio à corrida de Ursula Von der Leyen à Comissão Europeia e respondeu facilmente a perguntas sobre o conflito israelo-palestiniano. Na sequência da decisão de Espanha de reconhecer o Estado da Palestina, Tânger Corrêa discorreu sobre a atribulada história contemporânea desta guerra no Médio Oriente, para garantir que o Chega só defende esse reconhecimento “quando houver paz” nesta região.

Afinar a estratégia

Esta quinta-feira, o cabeça de lista pelo Chega às europeias disse-se e desdisse-se quando questionado sobre a estratégia da campanha e acabou por assumir a necessidade de ter André Ventura sempre por perto. “Em termos mediáticos, estou a combater com ex-ministros, ex-diretores, presidentes de partidos, comentadores políticos, que têm um perfil mediático alto. O meu perfil mediático, e bem, é baixo. Qual é o problema de fazer campanha com o presidente do partido?”

Tânger Corrêa está a combater (politicamente) com cabeças de lista particularmente conhecidos na esfera pública. Na AD, Sebastião Bugalho entrou em casa das pessoas nos últimos anos com o comentário político na televisão, no PS, Marta Temido tornou-se o rosto do combate à pandemia. Na Iniciativa Liberal, o candidato foi o líder do partido muito tempo. O mesmo aconteceu com a cabeça de lista do Bloco, Catarina Martins, coordenadora do partido durante uma década.

São patamares mediáticos difíceis de contrariar e o Chega sabe disso, só que tem um trunfo: a popularidade de André Ventura. Não há canto no país onde não o reconheçam, elogiam as suas intervenções públicas e até o seu aspeto físico. Por outro lado, o partido também sabe que o currículo diplomático de Tânger Correa é indesmentível e usa isso contra os seus adversários.

“Eu notei uma total impreparação dos cabeças de lista dos partidos com representação parlamentar para irem representar Portugal no âmbito internacional", afirmou o candidato, que depois puxou dos seus galões: “Por muito burro que eu seja, tenho 40 anos de experiência internacional, portanto, sei o que ando a fazer”, desferiu Tânger Corrêa.

Já nos temas nacionais nota-se a inexperiência do cabeça de lista do Chega, que agora vai sendo protegido pelo líder do partido.

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