Vyacheslav Gladkov: o elo mais fraco

1 mes atrás 38

Vyacheslav Gladkov é o governador da região russa de Belgorod e é por estes dias o elo mais fraco da complexa cadeia de comando da invasão russa à Ucrânia. Por uma razão que se entende com dificuldade, o presidente russo, Vladimir Putin, terá em alguma altura pensado que os ucranianos nunca iriam cair no erro de atacar o território russo – esse território que o Kremlin parece julgar sagrado, inviolável e defendido com armas e bagagens nucleares pela própria Constituição – ou pela forma como Putin lê o texto da Constituição.

É do mais elementar bom senso que a defesa da Ucrânia trate de atacar o território russo sempre que tenha essa oportunidade – no quadro em que, segundo os especialistas, o ataque é a melhor defesa. A reação de Putin foi levemente patética – exatamente como se considerasse que o seu ‘direito’ a invadir a Ucrânia não era acompanhado pelo mesmo ‘direito’ dos que foram primeiramente atacados.

Agora, Vyacheslav Gladkov tem que se haver com a eventualidade de ver os ucranianos a irromperem pela sua região adentro e de ponderar a defesa dos cidadãos que estão sob sua defesa direta. Deixando-se de meias-medidas e subtraindo-se à tentação de emitir belas palavras sobre os heroísmos ancestrais que alimentam o imaginário russo desde que os exércitos nazis foram barrados nos arredores de Volvogrado (antiga Estalinegrado), Gladkov tratou mas foi de decretar o estado de emergência. “A situação na região de Belgorod continua a ser extremamente difícil e tensa. Portanto, tomámos a decisão de declarar o estado de emergência regional em toda a região de Belgorod… com um apelo subsequente ao governo para declarar um estado de emergência federal”.

Que se saiba, o governo não fez nada disso e optou por avançar para uma batalha de… palavras! Segundo o Kremlin, os ucranianos foram já colocados em debandada – pelo menos os que sobreviveram, o que não terá sucedido com quase 1.500 deles – deixando para trás dezenas de veículos de combate. Segundo a Ucrânia, as suas tropas mantêm-se no controlo do território russo que atacaram há cerca de uma semana e dele não contam sair a não ser que haja uma forte razão para isso. Sendo os dois lados potenciais mentirosos, como o mundo percebeu rapidamente ainda em 2022, ninguém sabe ao certo o que se passará por ali. Mas uma coisa parece evidente: Vyacheslav Gladkov pode ser uma vítima do chamado ‘fogo amigo’ se persistir em transmitir ao mundo que a Rússia sentiu o golpe sobre Kursk de uma forma severa que ninguém esperava.

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