Há livros estranhos que entram de forma estranha na nossa cabeça; entram pela porta dos fundos ou pelas janelas ou pela chaminé, entram de mansinho como quem diz, Eu sei que sou estranho, pá, eu sei, mas dá-me uma chance! “The Principles of Uncertainty” de Maira Kalman é um livro assim, bizarro, belo, silencioso; sim, silencioso porque comunica através de metáforas ou parábolas aparentemente desconexas. Qual é a relação entre os óculos de Freud e os sapatos velhos do vizinho? É preciso tempo para entrar neste mundo; tempo, paciência e silêncio, três mercadorias escassas na nossa era, não é?