Administração da moçambicana LAM surpreeendida e preocupada com denúncia de gestora

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Numa carta assinada pelo diretor-geral da LAM, João Carlos Pó Jorge, dirigida ao ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, e à qual a Lusa teve acesso, é referido que a direção reuniu "de emergência" na segunda-feira, após a conferência de imprensa em que foram denunciados alegados esquemas de desvio de dinheiro em lojas de venda de bilhetes através de máquinas dos terminais de pagamento automático (TPA/POS) que não são da companhia.

"Fizemos um trabalho relâmpago com a segurança interna da LAM de recolher todos os POS e, dos 20 pontos de venda de bilhetes da LAM, recolhemos, até domingo, 81 POS. Há algumas lojas onde os próprios chefes dos estabelecimentos não reconhecem as máquinas e dizem não saber sequer a quem pertencem", declarou Sérgio Matos, responsável pela reestruturação da LAM, numa conferência de imprensa em Maputo.

A LAM está num processo de revitalização, com a empresa sul-africana Fly Modern Ark (FMA) na sua gestão desde abril do ano passado com um plano de restruturação em curso.

"Reiteramos que esta informação não foi previamente partilhada com a direção-geral da LAM, tendo esta sido colhida de surpresa quando a informação foi vinculada pelos órgãos de informação. Preocupa-nos o impacto destes pronunciamentos na reputação da empresa, dos trabalhadores e possíveis impactos nas auditorias de recertificação e dos grandes clientes a realizarem-se ainda este ano", lê-se na carta assinada pelo diretor-geral da companhia, contestando aquelas denúncias.

A missiva refere que a administração "distancia-se dos pronunciamentos feitos pela FMA" e afirma que a "gestão de caixa (tesouraria) da LAM está sob responsabilidade exclusiva" daquela empresa, que ainda "se responsabiliza por todos os pagamentos que são efetuados" na companhia aérea.

"A LAM -- Linhas Aéreas de Moçambique SA pauta sempre pelo princípio da legalidade, observando escrupulosamente o princípio da presunção de inocência de modo a garantir a sua segurança jurídica em todos os atos que pratica", conclui.

De acordo com a informação prestada na conferência de imprensa de segunda-feira, a fiscalização começou há quase duas semanas, quando a empresa percebeu que, embora o número de bilhetes vendidos esteja a subir, as contas continuam longe do esperado.

"Está-se a vender, mas a empresa não está a ter todo o dinheiro e nos últimos três meses das avaliações fomos vendo que o diferencial que estávamos a ter estava na ordem entre dois milhões dólares (1,8 milhões de euros) e três milhões de dólares (2,7 milhões de euros). Só no mês de dezembro, estamos com um défice de 3,2 milhões de dólares (2,9 milhões de euros)", observou Sérgio Matos.

Avançou ainda que a inspeção registou casos suspeitos mesmo na recolha de dinheiro vivo nas lojas e que a inspeção levada a cabo também identificou anomalias no abastecimento de combustível às aeronaves.

"Se uma aeronave tem capacidade máxima de combustível na ordem de 80.000 litros, nós chamamos de 80 toneladas, [nos documentos] a mesma aeronave está a ser abastecida a 95 toneladas. Então a questão é onde as 15 toneladas restantes estão a entrar", questionou.

Além destas situações, o diretor de restruturação da LAM denunciou a descoberta de uma conta no Maláui com 1,2 milhões de dólares (1,1 milhões de euros), a que ninguém na companhia tem acesso.

A estratégia de revitalização da empresa segue-se a anos de problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à deficiente manutenção das aeronaves.

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