Ambientalistas guineenses saúdam possibilidade de Bijagós serem Património Mundial

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A satisfação foi transmitida à Lusa por Adriano José Nunes, presidente da Konhengua (palavra que quer dizer vulneráveis no dialeto Bijagô), Associação de Solidariedade Entre as Ilhas Bijagós, e por Amadu Embaló, presidente da Rede "No Rapada Ambiente" (palavra em crioulo guineense que significa Notamos pelo Ambiente).

A Guiné-Bissau vai apresentar quinta-feira, 01 de fevereiro, à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) a candidatura dos Bijagós a Património Mundial, numa segunda tentativa de ver reconhecido o valor excecional e universal da biodiversidade das emblemáticas ilhas.

A apresentação do dossiê da candidatura da Guiné-Bissau será efetuada pelo ministro do Ambiente, Biodiversidade e Ação Climática, Viriato Cassamá, na companhia da diretora-geral do Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas, Aissa Regalla de Barros, e de elementos da Embaixada guineense em Paris, França.

Uma década depois da primeira candidatura ter sido indeferida pela UNESCO, a Guiné-Bissau reviu o processo e elaborou um novo dossiê que concentra o propósito em três das 88 ilhas dos Bijagós, que são parques naturais, concretamente João Vieira e Poilão, Orango e Urok, e a ligação entre esses três parques.

Adriano José Nunes, presidente da Konhengua, disse acreditar que, "desta vez", a candidatura dos Bijagós ao estatuto de Património Mundial da UNESCO "será aceite e aprovada", o que "vai trazer boas coisas" para as ilhas e a sua população.

"Pode, por exemplo, reforçar a presença de turistas nas nossas ilhas", observou Adriano Nunes.

Este responsável afirmou que o turismo poderá acelerar o desenvolvimento das ilhas Bijagós, contudo, exortou a uma melhor estruturação de serviços conexos, nomeadamente a criação de guias turísticas guineenses.

"Madagáscar é uma ilha que vive muito do turismo. Nós também, aqui nos Bijagós, podemos viver do turismo, mas é preciso que sejamos nós mesmos a fazer de guias turísticas", em vez de serem pessoas de outras nacionalidades, defendeu.

O presidente da Konhengua salientou que não há ninguém melhor do que os habitantes das ilhas Bijagós para preservar o património, que já foi reconhecido pela UNESCO, em 1996, como Reserva da Biosfera.

 A organização liderada por Adriano José Nunes trabalha atualmente no saneamento ambiental nas comunidades das ilhas Bijagós, mas também aproveita para executar ações de sensibilização às mulheres e meninas sobre questões ligadas à higiene menstrual.

A associação "No Rapada Ambiente" atua essencialmente em Bissau, em São Domingos, no norte, e em Bafatá, no leste, mas de vez em quando realiza ações de sensibilização nas ilhas Bijagós e nas estâncias balneares de Varela, no norte.

Para o presidente desta associação, Amadu Embaló, a possibilidade de os Bijagós serem considerados Património Mundial da UNESCO será "algo que vai reforçar a boa imagem" da Guiné-Bissau, mas também "uma prova" de que se está "no bom caminho no domínio da conservação do ambiente".

"Se for uma realidade, essa candidatura poderá ajudar toda a luta que estamos a fazer", sustentou Amadu Embaló, cuja organização se destaca na formação de jovens, adolescentes e crianças ativistas ambientais.

Para Embaló, ter os Bijagós como Património Mundial da UNESCO vai reforçar a presença de banhistas, ambientalistas, naturalistas, académicos e cientistas naquela zona da Guiné-Bissau, mas apelou ao Estado para reforçar a vigilância e a fiscalização.

"Por exemplo, proibir o uso de plástico nas ilhas, uma zona que está a ser atacada fortemente pela erosão costeira", exortou.

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