ANÁLISE TÁTICA | Qarabag: pelo corredor se vive e por ele se morre

7 meses atrás 66

SC Braga começa a jogar o futuro na fase a eliminar da Liga Europa, esta quinta-feira, com a receção ao Qarabag. Depois do pesado desaire em Alvalade, os arsenalistas viram o foco para a montra europeia e a Pedreira prepara-se para receber o conjunto que tem dominado o futebol do Azerbaijão na última década.

De forma a poder conhecer melhor o adversário dos minhotos, o zerozero fez o trabalho de casa para lhe poupar a si, caro leitor, o transtorno. Procurámos dissecar a equipa azeri e a forma como a mesma joga, para que nada do que possa ver na quinta-feira seja propriamente novo. Mas atenção, que deixamos já a primeira nota: é possível que a formação do Qarabag adote uma estratégia diferente do habitual em Braga. Fique connosco, vamos explicar-lhe o porquê.

Corredores são chave para bem... e para o mal

O Qarabag apresenta-se como uma equipa que tem o domínio do jogo no ADN. E é aqui que aproveitamos para recuperar a questão de ser possível que em Braga a equipa se apresente de forma diferente. Derivado do contexto de maior exigência que vai encontrar perante os bracarenses e que não se verifica nos duelos internos, é possível e até provável que se veja uma equipa azeri mais cautelosa e com menos iniciativa, à semelhança do que aconteceu noutros compromissos europeus.

Ainda assim, vamos em frente e apresentamos alguns comportamentos habituais na equipa e que serão as ideias pretendidas pelo técnico Gurban Gurbanov, tendo por amostra partidas das competições domésticas. Como já alertamos, este Qarabag gosta de dominar os jogos e no Azerbaijão consegue fazê-lo de forma regular e consistente.

A equipa parte de um sistema de 4x2x3x1, com um ataque muito móvel. Os dois extremos, habitualmente Leandro Andrade e Abdellah Zoubir, jogam muito por dentro, aproximando-se de Yassine Benzia e formando uma espécie de tridente de médios ofensivos. Com muita gente em zonas interiores, o Qarabag entrega as chaves dos corredores aos laterais, Marko Vesovic e Toral Bayramov. Os dois atletas são de grande importância no estilo de jogo da equipa, uma vez que esta explora muito os corredores. Vesovic e Bayramov procuram dar muita profundidade ao jogo azeri e é frequente ver overlaps de ambos.

Numa primeira fase, em terrenos mais recuados, o Qarabag não é uma equipa que despeje a bola à sua sorte. Os azeris procuram colocar muita gente na zona da bola para potenciar combinações curtas e rápidas para sair de pressão. Só em último recurso é que a equipa recorre ao pontapé longo numa primeira fase. É mais frequente, sim, ver passes mais longos na fase de criação: depois de procurar atrair o bloco adversário, a equipa de Gurbanov tenta várias vezes o passe longo para as alas, em busca de aproveitar a movimentação dos laterais, em sentido oposto ao bloco contrário.

Se os corredores servem para o bem nos azeris, também servem para o mal. Se tentar disputar o jogo olhos nos olhos e implementar as suas ideias, então o Qarabag pode ter nas laterais um espaço para o SC Braga explorar, sobretudo no momento do contra-ataque. Tendo em conta que a equipa projeta muito os laterais no momento ofensivo, fica exposta nessa zona do terreno para a transição.

Normalmente com um bloco médio/alto, a equipa de Gurban Gurbanov tem como princípio tentar uma forte reação à perda - os centrais, Maksim Medvedev e Badavi Huseynov, são fortes a «saltar» metros e a ganhar na antecipação -, mas nem sempre conseguem pressionar com qualidade. Quando a equipa não consegue recuperar a bola nos dois/três segundos, fica muito exposta e o adversário tem muito espaço para transitar, sobretudo nos corredores. Esta é uma consequência do risco que o Qarabag corre ao colocar muitos homens no ataque.

Peças-Chave

Júlio Romão: Equilibra o meio-campo. Jogador de grande presença, com grande raio de ação e forte nos duelos. Fiável na saída de bola. Torna o miolo do Qarabag mais coeso.

Juninho Vieira: O homem-golo dos azeris. Leva 17 golos em 33 jogos e é o elemento mais perigoso do ataque. Veloz, forte, de boa técnica e letal.

Marko Vesovic e Toral BayramovDuas locomotivas a todo o vapor. Ambos têm grande preponderância no ataque azeri. Conferem muita profundidade e têm ótimo cruzamento.

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