ANÁLISE TÁTICA | Toulouse e o seu ADN blaugrana (muito) simplificado

7 meses atrás 93

Depois de ser uma das sensações em França na época passada, conquistando a Taça - o que lhe valeu bilhete para esta edição da Liga Europa -, o Toulouse vive tempos de mudança e mais turbulentos e tem tido dificuldade em ser regular a nível de resultados e exibicional, sob a batuta do espanhol Carles Martínez, que faz a sua estreia como treinador principal.

ADN blaugrana, mas pouco

O Toulouse teve duas épocas em grande sob o comando de Philippe Montanier, subindo à Ligue 1 em 2021/22 e conquistando a Taça de França na época seguinte, mas, mesmo assim, o presidente do clube, Damien Comolli, achou por bem uma mudança para esta nova época e entregou o lugar ao seu então adjunto, o espanhol Carles Martínez. Com 40 anos, o técnico espanhol está a ter a sua primeira experiência como treinador principal, mas tem o ADN blaugrana do seu lado, visto que já treinou nas camadas jovens da famosa La Masia - o que o tornou desde logo uma opção arriscada.

Ora, apesar dessa escola, a verdade é que este Toulouse está bastante longe de uma equipa afamada pelo mítico tiki-taka. Os Téfécé são uma equipa que tenta implementar esse estilo de posse e pressiona alto com regularidade, mas ao analisar os seus partidos rapidamente se percebe que os intervenientes da equipa não são os melhores para tal, o que faz surgir as suas (muitas) fragilidades e leva a uma mudança de identidade repentina em certos jogos.

Habitualmente montado em 4x2x3x1, o Toulouse tem na baliza o jovem guarda-redes Guillaume Restes, mais um vindo da sua famosa escola de guardiões, que vem desde os tempos do mítico Fabien Barthez. Contudo, os seus 18 anos ainda não mascaram totalmente as debilidades (normais) que tem na posição. É uma equipa que tenta sempre construir a partir de trás, tendo a peculiaridade de, constantemente, o ala esquerdo, habitualmente Suazo, deambular para o meio nessa fase, ficando com uma linha de três defesas - algo que pode ser explorado pela pressão alta do Benfica. O cabo-verdiano Logan Costa é um nome a ter em atenção neste setor.

Toulouse tem sido irregular @Getty /

No meio campo, por sua vez, a rotação é maior. Spierings é o elemento dessa rotação que menos acrescenta e, por isso, Schmidt e o capitão Sierro costumam ser os titulares, mas todos eles funcionam mais como elementos de ligação e equilíbrio do que criativos ofensivos. É na frente que têm as suas principais individualidades e de quem a equipa precisa quase tanto como de oxigénio para sobreviver.

Em ataque posicional, é uma equipa que usa e abusa da exploração do jogo lateral ou um estilo de jogo mais direto, com processos relativamente simples. Os reforços Yann Gboho e Shavy Babicka vieram trazer alguma dinâmica ofensiva, mas as principais referências continuam a ser o norueguês Aron Donnum - que parte sempre da esquerda para o meio, para servir de 2º avançado e baralhar marcações - e, principalmente, o ponta de lança neerlandês Thijs Dallinga, o mais diferenciado da equipa, um matador, que leva já 12 golos esta época.

A nível interno, por norma, é uma equipa com claras dificuldades contra equipas que defendem em bloco baixo, o que acaba por expor as suas fragilidades em ataque organizado, e até parece claramente mais atalhada a um estilo de contra-ataque e transição, onde são veemente mais incisivos. Contudo, defensivamente as fragilidades também estão lá e é uma equipa que não faz o devido controlo da profundidade e definição da última linha, algo que pode (e deve) ser explorado pelos comandados de Roger Schmidt. Além disso, têm demonstrado algumas dificuldades na bola parada defensiva, fruto da marcação mista.

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