"Creio que é um livro atual que tenta discutir este mundo que parece que tem muitas redes, sobretudo redes sociais, mas está cada vez mais atomizado, mais isolado, mais individualizado e às vezes mais egoísta", resumiu Eduardo Vítor Rodrigues, que é preside à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, desde 2013.
O livro -- que ao título 'Mundo em Mudança' junta a frase "Olhar em frente, acreditar no futuro" -- conta com prefácio do antigo ministro do Ambiente João Pedro Matos Fernandes.
À Lusa, Eduardo Vítor Rodrigues adiantou que a um conjunto de textos publicados no Jornal de Notícias, decidiu juntar outros "escritos propositadamente para dar coerência e sistematizar os temas e assuntos que estão em causa".
"No fundo, é uma coletânea que organiza de forma temática um conjunto de debates que faço a partir de temas que me preocupam em diferentes escalas, numa escala mais global e numa escala mais local e regional", acrescentou.
A guerra, a crise, o sistema eleitoral, a imigração, projetos como o da alta velocidade, entre outros, são temas que fazem parte da obra por serem "muito importantes e estarem na ordem do dia".
"A guerra ou as guerras e a crise ou as crises, neste momento, são provavelmente os elementos mais importantes dos equilíbrios à escala global. Numa perspetiva mais humanista, destaco que estamos, de alguma forma e ao longo deste tempo, a conseguir naturalizar tudo isto", afirmou o autor.
O também presidente da Área Metropolitana do Porto, que é doutorado em sociologia, lamentou que "atualmente se naturalize a morte ou os bombardeamentos a zonas civis, por exemplo, como se estivéssemos perante uma série televisiva com várias temporadas", o que está, na sua opinião, "a contribuir para esfriar um bocadinho o sangue que nos corre nas veias".
"Passamos a ver aquilo como uma coisa distante e não é. E como uma coisa natural, quando não é. Isso vai ter, e já tem, traduções da nossa forma de ser e de estar e na forma como encaramos a dimensão humana e social, a forma como nos percebemos como coletivo", referiu.
Em vésperas das eleições europeias, Eduardo Vítor Rodrigues também destacou a importância de discutir o papel da Europa lembrando: "Não podemos esquecer que a Ucrânia não é União Europeia, mas a Europa".
"A Europa tem-se revelado extremamente passiva. É muito forte nos discursos, mas depois muito fraca nas ações e basta perceber que cada vez que os Estados Unidos interrompem a ajuda basicamente tudo para. Toda a ajuda que a Europa tem tido, à exceção de uma força maior da parte do Reino Unido, é basicamente ajuda moral", considerou.
Já sobre questões de âmbito nacional, o livro inclui, por exemplo, um artigo sobre a alta velocidade "com um texto específico pela importância que o projeto tem e para rebater aquela ideia das megalomanias".
Somam-se "artigos mais pessoalistas", como um de homenagem a Salvador Caetano, descrito por Eduardo Vítor Rodrigues como "um empreendedor, um industrialista por natureza, um homem inspirador de Vila Nova de Gaia".
"Portanto, é um 'mix' de coisas que não pretende ser nenhum livro erudito naquilo que diz respeito à componente estritamente técnica e académica, mas pretende pôr em debate um conjunto de questões que fazem parte do nosso quotidiano", concluiu.
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