Bancos têm de se fortalecer para enfrentar choques macrofinanceiros e geopolíticos - BCE

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"O setor bancário da zona euro continuou a mostrar força e resiliência em 2023", afirmou o presidente do Conselho de Supervisão do BCE, Andrea Enria, na última conferência de imprensa no exercício das suas funções, para apresentar os resultados do último processo de análise e avaliação da supervisão.

Em média, as instituições de crédito mantiveram posições de capital e liquidez sólidas, muito acima dos requisitos regulamentares.

A rendibilidade dos bancos recuperou para níveis não observados há mais de uma década, o que reforça a capacidade de resistir a choques externos, como demonstrado pelos resultados do teste de esforço de 2023 a nível da União Europeia (UE), afirmou o BCE.

O BCE explicou ainda que reorientou ligeiramente as prioridades de supervisão para os próximos três anos.

Assim, a fim de reforçar a resiliência das instituições de crédito a choques macrofinanceiros e geopolíticos imediatos, o BCE solicitará às instituições de crédito que resolvam as deficiências nos seus quadros de ativos/passivos e na gestão do risco de crédito e de contraparte.

Os bancos devem também acelerar a correção efetiva das deficiências na governação interna e na gestão dos riscos climáticos e ambientais.

Por último, devem continuar a registar progressos na sua transformação digital e no desenvolvimento de quadros robustos de resiliência operacional.

Na conferência de imprensa, Enria alertou para o facto de as fracas perspetivas macroeconómicas e a maior restritividade das condições de financiamento continuarem a ser "uma fonte de risco".

A rápida subida das taxas de juro ajudou a rentabilidade global dos bancos, mas este efeito irá diminuir à medida que estes repercutem estes aumentos nos depositantes, alertou a autoridade bancária.

Ao mesmo tempo, o aumento das taxas de juro contribuiu para os riscos de crédito, de avaliação e de liquidez, acrescentou.

A turbulência do mercado em março de 2023 realçou a importância para o setor bancário de gerir eficazmente o risco de taxa de juro.

Em termos de fundos próprios de melhor qualidade (CET1), a soma dos requisitos de fundos próprios e da recomendação do Pilar 2 (P2G, um requisito de fundos próprios baseado no risco específico do banco) aumentou de 10,7% para 11,1%, devido ao impacto das políticas macroprudenciais.

Na sequência da avaliação, o requisito do Pilar 2 para os fundos próprios de melhor qualidade de cada banco aumentou ligeiramente, em média, de 1,1% para cerca de 1,2% dois ativos ponderados pelo risco.

O P2R inclui sobretaxas para financiamento alavancado de risco para oito bancos e para exposições duvidosas para outros vinte bancos.

Em termos de fundos próprios totais, a soma dos requisitos de fundos próprios e a recomendação do Pilar 2 aumentou ligeiramente para 15,5% dos ativos ponderados pelo risco, em comparação com 15,1% no ciclo de análise de 2022.

O BCE aplicou, pela primeira vez, um requisito de rácio de alavancagem do Pilar 2 a seis instituições de crédito com um risco particularmente elevado de alavancagem excessiva.

Este requisito obrigatório específico para cada instituição foi fixado, em média, em 10 pontos base e acresce ao requisito mínimo de um rácio de alavancagem vinculativo de 3% para todas as instituições.

O BCE aplicou também recomendações do rácio de alavancagem do Pilar 2 (P2G-LR) a sete instituições de crédito.

Além disso, o BCE impôs medidas quantitativas de liquidez a três bancos, exigindo períodos mínimos de sobrevivência e reservas de liquidez específicas para cada moeda.

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