Paula Franco considera que se podia ter ido mais longe na redução do IRS permitindo também um alívio fiscal à classe média (7º e 8º escalão) e espera que isso venha a acontecer de forma gradual no próximo Orçamento do Estado e nos próximos anos.
O mesmo se passa em relação ao IRC. A Bastonária considera que mesmo que venham a existir outras medidas para compensar as empresas, o IRC deve baixar. Isto num Orçamento do Estado para 2025 que, admite, não poderá ser "muito arrojado", mas para o qual sugere medidas de redução da burocracia, ir mais além no que aos jovens diz respeito e tornar a habitação uma questão premente. Paula Franco defende a continuidade dos benefícios fiscais em função da valorização salarial no próximo Orçamento do Estado, mas não como aconteceu este ano. Segundo Paula Franco, a medida de valorização salarial, que permitia às empresas terem um benefício fiscal se pagassem mais um salário ao trabalhador, ficou muito aquém do previsto, porque tinha muitas condições e uma delas era o aumento de 5 por cento dos salários. Sobre o PRR, a Bastonária revelou que a utilização da bolsa de contabilistas certificados e reservados para ajudar no acompanhamento e verificação das despesas dos apoios PRR tem sido "lenta", porque a execução do PRR está "longe do que era expetável" e duvida mesmo que seja possível uma execução a 100 por cento. Paula Franco admite que têm sido feitos progressos na relação do Fisco com os contribuintes, mas considera que se trata ainda de "uma entidade muito pesada" e que desde a pandemia "os serviços nunca mais funcionaram da mesma maneira". Considera que tem de haver um serviço "olhos nos olhos" a resolver os problemas, presencial quando o contribuinte precisa e não quando há vaga. Na relação com outras entidades, a Bastonária revelou nesta entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios que a Banca e a Inspeção da Segurança Social estão a pedir às empresas o ficheiro SAF-T que foi criado e é preenchido apenas para a inspeção tributária. Paula Franco lembra que nesse ficheiro há toda a informação, ao detalhe, contabilística e fiscal da empresa, bem como a indicação do contabilista que a colocou e a que horas.A Bastonária já deu indicações aos contabilistas para que as empresas não enviem esses ficheiros aos Bancos, por exemplo, quando pedem empréstimos e revelou estar a elaborar um parecer em que se vai opor a que essa informação seja prestada à inspeção da Segurança Social. Considera também que a utilização do ficheiro SAF-T para entrega da IES (Informação Empresarial Simplificada) deve ser revogada.
Uma entrevista ao programa Conversa Capital que pode acompanhar em podcast aqui.