Bastonário preocupado com o verão. Não há plano "capaz de sustentar o que está a acontecer no SNS"

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Saúde

06 jul, 2024 - 20:17 • Alexandre Abrantes Neves

Sobre os constrangimentos nas urgências, Carlos Cortes lamenta que os “sucessivos governos sejam sempre apanhados de surpresa com o verão e o inverno”.

O bastonário da Ordem dos Médicos alerta que a greve dos médicos, convocada pela FNAM, pode vir a acentuar os constrangimentos sentidos nos hospitais e mostra-se preocupado com a situação no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“Qualquer pequena alteração vai ter impacto sobre o acesso aos serviços”, disse este sábado Carlos Cortes no final da cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos sociais da Ordem dos Médicos Dentistas, na Fundação Champalimaud, em Lisboa.

“No Serviço Nacional de Saúde (SNS), há falta de condições de trabalho: a reformulação da carreira médica, condições de trabalho adequadas, condições de formação para os médicos, a questão da dignificação remuneratória. Eu compreendo esta necessidade dos sindicatos de quererem rapidamente colocar em cima da mesa todas estas matérias”, apontou o bastonário.

Sobre os constrangimentos nas urgências – que se voltam a sentir em força este fim de semana, principalmente no Algarve –, Carlos Cortes lamenta que os “sucessivos governos sejam sempre apanhados de surpresa com o verão e o inverno”.

O bastonário da Ordem dos Médicos aponta o dedo ao Ministério da Saúde e aos hospitais por apresentarem os planos de contingência “lamentavelmente muito tarde”. Ainda assim, e na visão do bastonário, a solução não passa pela elaboração de planos, mas sim por tornar a carreira médica mais atrativa.

“Não há nenhum plano que seja capaz de sustentar aquilo que está a acontecer no SNS. O que o país precisa não são planos – são intervenções, precisamente para que o SNS seja mais atrativo e que tenha os médicos que necessita e que neste momento não tem”, defendeu.

Esta semana, o coordenador do Plano de Emergência e Transformação na Saúde, Eurico Castro Alves, previu que, no prazo de um ano, haja “uma grande cobertura nacional” de médicos de família.

Na perspetiva de Carlos Cortes, a meta só vai ser cumprida se houver um reforço de recursos humanos.

“É uma previsão que pode ser difícil de cumprir. Se o governo se empenhar nos cuidados de saúde primários, é possível. Se o número de jovens médicos que estão a acabar a especialidade integrem os quadros do SNS é possível que este número assustador de um milhão e 600 mil portugueses sem médico de família possa der substituído”, rematou.

A ministra da Saúde também esteve na posse dos órgãos sociais da Ordem dos Médicos Dentistas. Ana Paula Martins reforça que “há sempre margem” para negociar com os médicos, depois de a FNAM ter convocado uma greve nacional para 23 e 24 de julho.

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