Bruno Simão recorda episódio na Roménia: «Comparado com o que passei, Alcochete foi para meninos»

3 meses atrás 99

O '4 Cantos do Mundo' é um podcast do jornalista Diogo Matos ao qual o zerozero se uniu. O conceito é relativamente simples: entrevistas a jogadores/ex-jogadores portugueses que tenham passado por pelo menos quatro países no estrangeiro. Mais do que o lado desportivo, queremos conhecer a vertente social/cultural destas experiências. Assim, para além de poder contar com uma entrevista nova nos canais do podcast nos dias 10 e 26 de cada mês, a partir de agora pode também ler excertos das conversas no nosso portal.

Atualmente com 39 anos, Bruno Simão conta com um vasto currículo internacional, isto na medida em que soma passagens por Roménia, Eslováquia, Azerbaijão, Moldávia, Chipre e França. Assumindo que teve algumas experiências negativas nestas aventuras no estrangeiro, o lateral-esquerdo, que atualmente representa os veteranos do Central 32, partilhou connosco episódios vividos no UTA Arad e no Dinamo Bucuresti. 

«Nós chegámos a meio da época ao UTA Arad e correu bem, conseguimos ficar na 1ª Liga. No entanto, no segundo ano descemos de divisão. Nessa altura tinha lá comigo a minha primeira filha e a minha ex-mulher, sendo que a nossa equipa tinha o estádio sempre cheio de adeptos fervorosos. Durante o jogo, se estivéssemos a perder, eu começa a fazer sinais para a bancada a dizer-lhes para irem embora, que eu depois ia ter a casa. Tínhamos de sair pelas traseiras do estádio, fugidos, chamar táxis... Era impossível passar em frente ao estádio porque te amassavam o carro, tinhas de estar ali à conversa e às vezes aquilo aquecia um pouco... Situações desagradáveis. Tive colegas a serem ameaçados, diziam-lhe para deixar o país». começou por explicar Bruno Simão, que foi ainda mais longe:

«No Dinamo tive uma ainda pior. Aliás, eu costumo dar o exemplo de Alcochete. Comparado com aquilo que passei, Alcochete foi para meninos... A três jornadas do fim estávamos em primeiro lugar e acabámos o campeonato em quarto. Perdemos o antepenúltimo jogo e o penúltimo também. Quando perdemos este segundo jogo, ligam-me- eu fazia questão de ter os meus conhecimentos para estar seguro na cidade- e dizem-me «Simão, é melhor não saíres de casa, não vás treinar. Está organizado um movimento e eles não são menos de 300 ou 400 homens para irem para cima de vocês no treino». E eu só disse «Eu não saio daqui nem à lei da bala». Os meus colegas levaram um aperto gigante e no jogo a seguir houve invasão de campo. Estávamos a perder e, quando fazemos o empate, os adeptos entram em campo...

No fim da época também tive uma situação extremamente desagradável: amassaram-me o carro, saltaram-me para cima do carro quando eu estava a sair de um restaurante. Tínhamos de ficar trancados em casa porque eles não admitiam que tivéssemos perdido o campeonato, ainda para mais da maneira como perdemos.»

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