Capitalização da bolsa moçambicana disparou quase 200% desde 2016

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"Atualmente, a capitalização bolsista continua a ser fortemente influenciada pelo peso das Obrigações do Tesouro, cerca de 85%, nomeadamente pelo número e volume das suas novas emissões, já o peso na capitalização bolsista pela variação do seu preço de cotação não tem relevância significativa", explicou, em entrevista à Lusa, o presidente do conselho de administração da BVM, Salim Valá.

A evolução da capitalização bolsista resulta da valorização do mercado acionista e dos mercados obrigacionistas, casos das Obrigações do Tesouro (OT), Obrigações Corporativas e Papel Comercial, e depende de novas emissões, exclusões ou valorização dos preços de cotação.

"Desde o arranque do funcionamento da BVM, em 1999, que a capitalização do mercado tem conhecido um crescimento positivo, destacando o incremento notável desde 2016, onde até ao final de 2023 a evolução foi de mais 197,3%", reconheceu Valá.

"Apesar dos fatores económicos adversos", prosseguiu, a evolução da capitalização bolsista tem sido positiva aos longo dos anos, "evidenciando a resiliência do mercado de capitais", tendo tido um crescimento de 12% em 2023, quando em 2022 havia sido de 30,3%, "em virtude do elevado número de emissões de OT", e em 2021 de 10,4%".

"No entanto, acredito que a evolução da capitalização bolsista continue a sua trajetória ascendente nos próximos anos, o mesmo acontecendo com um dos indicadores bolsistas correlacionados, o rácio de capitalização bolsista face ao PIB, que atualmente é de 25,8%, onde um dos objetivos estratégicos da BVM é que seja de 35% até ao final de 2028, ao nível da média da África subsaariana", destacou.

A capitalização da BVM - aproximação do valor de mercado das empresas e títulos -- atingiu no final de dezembro de 2022 os 164.290 milhões de meticais (2.357 milhões de euros) e subiu um ano depois para 183.989 milhões de meticais (2.638 milhões de euros).

A bolsa moçambicana fechou o ano de 2023 com a negociação de 224.390.480 títulos do Tesouro, no valor de 21.934 milhões de meticais (314,6 milhões de euros), e 3.868.588 títulos corporativos, de 397,3 milhões de meticais (5,7 milhões de euros). A BVM, segundo os dados da instituição, negociou ainda 7.563.009 ações e 660.360 títulos de papel comercial, mas está ainda dependente das operações de emissão de dívida pública.

"Nós temos consciência deste facto e a solução não passa pela redução das emissões de OT, mas sim pelo aumento do número de emissões de Obrigações Corporativas e de Papel Comercial, pela cotação de novas empresas no mercado acionista, a subida do preço de negociação das ações cotadas e a introdução de novos produtos e instrumentos financeiros no mercado", explicou.

Salim Valá acrescentou que a cotação de mais ações na BVM será "fundamental para o crescimento da capitalização bolsista" e "pode ser alcançado pela implementação plena" da legislação sobre parcerias público-privadas, projetos de grande dimensão e concessões empresariais, "pela alienação de participações sociais de empresas do Setor Empresarial do Estado que tenham boa saúde económico-financeira".

"Assim como assegurar que as empresas que operam em áreas sensíveis da economia, como bancos, seguradoras, operadoras de telefonia móvel, agentes de moeda eletrónica, concessões empresariais, empresas ligadas à exploração de recursos naturais, entre outras, possam listar-se em bolsa, promovendo assim a transparência económica, a boa governação corporativa e a popularização do capital em Moçambique", enfatizou.

Agora, o objetivo passa pelo aumento de oferta de ações disponíveis para negociação e do número dos investidores, bem como por novos mercados de negociação, nomeadamente nos Fundos de Investimento: "Poderão desempenhar um papel importante na atração de mais investidores para o mercado bolsista, que atuarão no mercado através do próprio Fundo e não de forma individual, sendo a sua participação tornada efetiva através de gestores especializados na negociação de valores mobiliários".

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