CDU critica política de investimento "sequestrada" por modelo das PPP

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João Oliveira falava aos jornalistas em Vila Nova de Cacelas, no cruzamento de Vila Rita da Estrada Nacional 125, uma das estradas mais perigosas do país, segundo a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANRS).

Em 2008, o Governo do primeiro-ministro socialista José Sócrates aprovou um projeto de requalificação desta estrada, que liga Vila do Bispo a Vila Real de Santo António, que, passados 16 anos, nunca foi concluído.

Em declarações aos jornalistas, Elsa Fernandes, proprietária de um restaurante à beira da estrada, salientou que esse projeto de requalificação previa a construção de uma rotunda no cruzamento de Vila Rita que, até ao dia de hoje, ainda não foi feita.

Salientando que tem assistido a "muitas mortes neste cruzamento", a proprietária referiu que, em janeiro de 2023, houve um acidente envolvendo três carros que fez com que a câmara municipal local tenha colocado blocos de cimento no local, o que reduziu os acidentes, mas criou novos constrangimentos para a população local.

"Nunca mais houve um acidente, mas agora os camiões carregados todos os dias de manhã vão ali à frente fazer manobras, com camiões o dia inteiro carregados, e temos aqui um turismo rural, temos um campo de golfe e um restaurante. A velocidade continua excessiva e as manobras são perigosas", disse.

Depois de ouvir estas declarações, João Oliveira defendeu que este é um dos "exemplos mais significativos" de o "país ter o seu investimento público sequestrado pelo modelo das parcerias público-privadas", salientando que o projeto de requalificação da EN125 está abandonado desde 2008.

"Se o Estado tivesse na mão os instrumentos para concretizar as obras que precisa de fazer, em vias e infraestruturas estruturantes como é o caso da 125, nós não ficávamos dependentes de contratos de entrega de concessões a empresas privadas que, a partir do momento em que há uma circunstância que já não lhes permite retirarem o que querem, desinteressam-se do investimento", criticou.

Para João Oliveira, é necessário que o investimento público "seja feito em função das necessidades das populações e do desenvolvimento do país"

"Isso exige que o Estado faça um investimento e que não o entregue ao negócio das concessionárias das PPP em função do seu interesse e da conveniência política dos governos e da vontade que têm de cortar no investimento para ajeitar as contas em função dos critérios do défice e da dívida que querem apresentar a Bruxelas", criticou.

O cabeça de lista da CDU salientou que o cruzamento de Vila Rita exemplifica que, apesar de a EN125 poder ser "uma via de serviço às populações" e contribuir para o desenvolvimento económico da região, não é isso que se está a verificar.

"É um fator de risco para as populações, particularmente do ponto de vista rodoviário, mas também de entrave ao próprio desenvolvimento da atividade económico", disse.

Em Portugal, as eleições europeias realizam-se em 09 de junho e serão disputadas por 17 partidos e coligações: AD, PS, Chega, IL, BE, CDU, Livre, PAN, ADN, MAS, Ergue-te, Nova Direita, Volt Portugal, RIR, Nós Cidadãos, MPT e PTP. Serão eleitos 21 deputados.

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