Chega aliado à AD? "Montenegro disse que não; acho bem que cumpra"

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O presidente do Partido Popular Monárquico (PPM), Gonçalo da Câmara Pereira, esclareceu, esta terça-feira, que não seria chocante estabelecer “acordos pontuais” com o partido de extrema-direita Chega, depois de, esta manhã, ter defendido um entendimento entre o líder do Partido Social Democrata (PSD) e da Aliança Democrática (AD), Luís Montenegro, com André Ventura. Contudo, face à rejeição do social-democrata, o porta-voz do partido monárquico espera que Montenegro “cumpra a sua palavra”.

“O que disse e torno a afirmar é que não me choca um acordo com o Chega, seja coligação ou acordo governamental. Agora, há outra coisa que também disse: Montenegro disse que não fazia coligação. Portanto, como bom político e bom líder que é, acho bem que cumpra a sua palavra”, disse Câmara Pereira, em declarações à CNN Portugal.

O responsável foi mais longe, tendo considerado que “estas declarações são normais”, uma vez que “Montenegro disse que tinha de fazer acordos pontuais com vários partidos”.

“Também não me choca que se façam acordos pontuais com o Chega”, complementou.

Questionado quanto à possibilidade de um acordo que se traduza na inclusão do partido de extrema-direita no governo, Câmara Pereira não foi claro.

“Pode ser ou não ser. Agora, tem de se fazer um acordo parlamentar de maneira a que Portugal seja governável. A Esquerda já disse que não aceitava apoiar o governo do doutor Montenegro. Ora, Portugal precisa de estabilidade”, disse.

E reforçou: “Aceitei o doutor Montenegro como líder da coligação. Portanto, tudo o que decidiu antes, acho bem que cumpra. Se deu a sua palavra que não fazia acordos com o Chega, acho bem que a cumpra.”

Ainda assim, o responsável recordou que “um milhão de portugueses deu votos ao Chega”, ao mesmo tempo que salientou que “não há um milhão de fascistas em Portugal”.

“E mais, estes eleitores tiraram a maioria ao PS, porque a AD aumentou o seu eleitorado em 200 mil votantes”, indicou.

Sublinhe-se que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, começou hoje a ouvir os partidos e coligações que elegeram deputados nas eleições de domingo, um processo de auscultação que se iniciou com o PAN e termina no dia 20 com a AD.

O objetivo de Marcelo é ouvir todos os partidos políticos e coligações que estarão representados na Assembleia da República, tendo em conta os resultados provisórios anunciados pelo Ministério da Administração Interna e sem prejuízo dos círculos que ainda falta apurar.

Falta ainda contabilizar os resultados dos dois círculos da emigração - da Europa e de Fora da Europa - que elegem cada um dois deputados, o que deve acontecer no mesmo dia em que será ouvida a AD.

O artigo 187.º da Constituição da República Portuguesa estabelece que "o primeiro-ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais".

A AD, que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas de domingo, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%). A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.

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