07 fev, 2024 - 22:35 • Alexandre Abrantes Neves
Na madrugada de 24 para 25 de abril, o percurso feito pelo Movimento das Forças Aramadas vai ser reconstituído desde Santarém até Lisboa. O programa conta ainda com apoios para artistas, iniciativas para jovens e várias exposições - em Portugal, mas também no Tarrafal, em Cabo Verde.
As comemorações dos 50 anos da "Revolução dos Cravos" vão reconstituir os acontecimentos de 1974, anunciou esta quarta-feira a comissária-executiva da Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, durante a apresentação do programa.
Maria Inácia Rezola explicou que o percurso feito pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) vai ser reproduzido e que, por isso, as comemorações vão começar em Santarém ainda de madrugada e chegam depois a Lisboa ao início da manhã.
“A célebre coluna da escola Prática de Cavalaria, liderada por Salgueiro Maia em Santarém, entrará em Lisboa e irá juntar-se ao desfile das Forças Armadas, a realizar no Terreiro do Paço nessa manhã. Depois rumará, tal como há 50 anos, para o largo do Carmo, para simular um cerco ao quartel. E, finalmente, irá para a Pontinha, onde estava o posto de comando das operações do 25 de Abril”, detalhou.
Além disso, e a partir da noite de 24 de abril, vão existir concertos e espetáculos de "videomapping" em vários concelhos do país. Em Elvas, a chaimite Bula – que retirou Marcello Caetano do Quartel do Carmo após ter apresentado a sua rendição – vai ser exposta junto ao Paiol da cidade.
Dois dias de celebração que, para a também historiadora, refletem o objetivo de promover uma sociedade “mais conhecedora da sua história recente”.
“Preservar a liberdade e a democracia é um dever de todos, por isso pretendemos que 2024 seja um ano de festa e de evocação, mas também de aprendizagem, reflexão e ação”, acrescentou.
Um programa recheado de exposições
As atividades comemorativas dos 50 anos do 25 de Abril não se esgotam, porém, no mês de abril – aliás, prolongam-se até 2026.
Por isso, a Comissão Comemorativa organizou um conjunto de exposições para retratar as diferentes dimensões do Estado Novo, desde a posição dos progressistas católicos até à Guerra Colonial.
A partir de abril e até julho, a Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, vai acolher a exposição “O Movimento das Forças Armadas e a construção da democracia” onde, através de imagem, som e vídeo, se retrata o papel do Movimento das Forças Armadas na construção da democracia portuguesa. A exposição vai ainda ser complementada com debates, conferências e espetáculos.
Já por todo o país, vai andar a exposição “De Abril a Abril, 50 indicadores de mudança” que, em colaboração com o Instituto Nacional de Estatística, pretende mostrar a evolução do país desde 1974 com recurso a indicadores sociais, culturais e económicos.
Lá fora, o antigo campo de concentração do Tarrafal, na ilha de Santiago, em Cabo Verde, vai receber, a partir de 1 de maio, uma nova exposição sobre os presos políticos que ali viveram durante mais de 30 anos e as formas de detenção praticadas pelo Estado Novo.
A pensar no passado e no futuro
O programa do cinquentenário do 25 de Abril foi pensado a “partir de dois eixos: a questão, por um lado, da história e da memória e, por outro, do futuro e das perspetivas que os valores de abril mantêm”.
Por isso, e focado no futuro, as comemorações contemplam ainda iniciativas a pensar nos mais novos – como a criação de 50 assembleias participativas jovens – e outras focadas no futuro dos estudos académicos sobre a revolução, como o Congresso Internacional dos 50 anos do 25 Abril, na reitoria da Universidade de Lisboa entre 2 e 4 de maio.
Ainda em Lisboa, as instalações do Ministério da Administração Interna vão acolher, a partir de 2026, o Centro Interpretativo do 25 de Abril de 1974 – da responsabilidade da Associação 25 de Abril, o presidente da associação e antigo porta-voz do MFA, Vasco Lourenço, garantiu já estar a trabalhar no conteúdo que vai estar em exibição.
No plano artístico, vão ser atribuídas, pela quarta vez, de bolsas literárias para ensaios dedicados ao 25 de Abril e vai haver uma nova edição dos apoios “Arte pela Democracia”, destinados a projetos de artes performativas e plásticas dedicados à revolução.
No site oficial das comemorações, para além do programa completo, está também disponível uma série de exposições e recursos que podem ser livremente utilizados e também uma agenda colaborativa com as iniciativas organizadas pelos cidadãos para celebrar a data.
A partir deste ano, e até ao final de 2026, as celebrações dos 50 anos da revolução dos Cravo vão dedicar-se aos “três D” do MFA – Democratizar, Descolonizar e Desenvolver – e, assim promover, nas palavras de Maria Inácia Rezola, “uma sociedade mais participativa, plural e democrática”.