Como ganhar eleiçõesno país dos supermercados vazios

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O problema de Nicolás Maduro não é apenas a sua figura caricatural ou o fato de treino arlequinesco com a bandeira venezuelana. É sobretudo o estado em que se encontra o país.

Com a entrada em cena da Guerra da Ucrânia, primeiro, e do conflito Israel-Hamas depois, a Venezuela praticamente desapareceu dos radares das notícias.

Antes desse ‘apagão’, as notícias davam conta de supermercados vazios, falta de medicamentos, filas de espera intermináveis para aceder a bens básicos e pobreza generalizada. Circunstâncias que levaram mais de sete milhões de pessoas a abandonarem o país, nomeadamente atravessando a fronteira para o vizinho Brasil. É um facto que esses descontentes não puderam votar nas eleições de domingo. Mas duvido que quem ficou esteja satisfeito com o estado das coisas.

O problema de Nicolás Maduro não é apenas a sua figura caricatural ou o fato de treino arlequinesco com a bandeira venezuelana. É sobretudo o estado em que se encontra o país.

Em 2012, no auge do poder de Hugo Chávez, o PIB da Venezuela cifrava-se em 372 mil milhões de dólares. Chávez morreu em 2013. Nesse ano o PIB caiu para 259 mil milhões. E nos anos seguintes despenhou-se por ali abaixo até ficar um pouco aquém dos 44 mil milhões em 2020 – de 372 mil milhões em 2012, para 44 mil milhões oito anos depois! Não admira que a população estivesse na miséria. De então para cá tem subido paulatinamente, estimando-se que fique um pouco acima dos 100 mil milhões em 2024.

Três sondagens feitas no início de julho (Meganálisis, Delphos e ORC Consultores) apontavam para uma vitória clara de Edmundo González, com entre 59 e 69% dos votos, obtendo Maduro 24,6% na melhor (ou pior, dependendo do ponto de vista) das hipóteses. Com o PIB a cair de 372 (2012) para 102 mil milhões (2024), era mais que natural que os eleitores castigassem o responsável por semelhante destruição de riqueza. Segundo a BBC, “numa década, a economia venezuelana encolheu 75%”, enquanto a população encolheu cerca de um quarto.

Só Maduro é que decididamente não encolhe. Aparentemente vai-se manter no poder graças a um resultado claramente engordado por uma bela chapelada e com o apoio de estadistas como Putin ou o Presidente cubano. Para a Comissão Nacional de Eleições venezuelana dizer que Maduro obteve 51% dos votos imaginem a “tareia” que não levou.

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