Israel e os mercados

2 horas atrás 25

O impacto da atuação de Israel nos mercados tem sido mais limitado do que seria de esperar, mesmo tendo em conta que o conflito tem vindo a intensificar-se, a alastrar e a complexificar-se desde o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro. Sim, já passou quase um ano.

Tratando-se de uma guerra no Médio Oriente, seria de esperar uma subida significativa dos preços do petróleo. Pois bem, há um ano o crude cotava a 86 dólares e, desde então, a tendência tem sido de baixa, com o preço a chegar abaixo de 70 dólares esta semana. Nos destilados, a gasolina, por exemplo, está 20% mais barata. O mercado de petróleo encontra-se deprimido devido a vários fatores: a procura mundial não está forte, devido à desaceleração económica global e a alguma substituição por renováveis.

O mercado está bem abastecido em termos de oferta e a Arábia Saudita até deu a entender que poderá reverter os cortes de produção autoimpostos para proteger a sua quota de mercado. Até agora, o conflito tem estado circunscrito a regiões que não são produtoras de petróleo, pelo que o impacto em termos de oferta tem sido pouco relevante.

Ocorreram algumas alterações estruturais nos últimos anos. Por exemplo, os EUA continuam a ser o maior consumidor mundial, mas passaram também a ser o maior produtor. Contas redondas, os EUA importam agora cerca de 5 milhões de barris de petróleo por dia (mpbd), mas chegaram já a importar 13 mbpd, com boa parte a não chegar dos países do Golfo, pelo que esta região continua a ser importante, mas deixou de ser o fulcro do mercado.

O facto de a guerra não ter provocado, até agora, uma alta dos preços do petróleo ajuda a explicar o impacto limitado noutros mercados, como as bolsas ou outras matérias-primas. Mesmo a subida do ouro, que seria tentador ligar aos receios com este conflito, encontra outras explicações.

Naturalmente, se Israel bombardear poços ou portos iranianos, a situação poderá mudar bastante e um eventual envolvimento mais direto da Rússia, Turquia e outros estados do Golfo, embora algo improvável, poderia ter outro tipo de impactos. Imaginam-se dificuldades nas cadeias logísticas caso o conflito alastre para a zona do Canal do Suez, o que não é esperado, ou se a navegabilidade do Mar Vermelho for condicionada, como já sucedeu recentemente, por ataques perto do Estreito de Ormuz.

Em rigor, o mercado não está a descontar os piores cenários e apenas agora parece começar a preocupar-se com a possibilidade de as exportações do Irão serem afetadas se Israel for ainda mais temerária nos ataques a este país, eventualmente com a intenção de mudar o sistema político local.

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