Comprimidos para dormir: portugueses procuram "resposta rápida", mas especialistas alertam para riscos

6 meses atrás 45

País

Portugal é o segundo maior consumidor mundial do medicamentos para dormir zolpidem, um sedativo que pode provocar adição.

Portugal é o segundo maior consumidor do mundo do medicamentos para combater as insónias zolpidem.

Segundo os últimos dados do Conselho Internacional para o Controlo de Narcóticos, referentes a 2022, Portugal foi o segundo maior consumidor deste um fármaco sedativo hipnótico, apenas atrás do Uruguai.

Este medicamento é procurado por quem tem dificuldades em dormir, sofre de ansie­dade ou cujo diagnostico requer o recurso a calmantes.

“Notamos um particular aumento de prescrição e venda no período pós-pandemia. Houve, com a pandemia, um aumento das perturbações ao nível da ansiedade em Portugal, que claro, levaram consequentemente a dificuldades em adormecer e manter um sono reparador”, explica a farmacêutica Sara Henriques.

Portugal é também um dos maiores consumidores do anestésico e sedativo cetamina.

A procura excessiva faz soar o alarme quanto a potenciais riscos para a saúde. A medicação é a solução mais rápida, mas quem estuda o sono defende que devia ser o último recurso.

“É um medicamento que tem uma ação aditiva muito forte”, lembra Sara Henriques. “Devia ser usado num espaço controlado de tempo e com significativa monitorização da parte do médico. E notamos que, infelizmente, nem sempre é o que acontece.

O zolpidem “provoca habituação”, por isso muitos consumidores acabam, inclusive, por sentir necessidade de aumentar as doses, aponta Daniela Ferreira, presidente da Associação Portuguesa do Sono (APS).

“Nós, que lidamos com o sono, percebemos que esse não é o melhor tratamento para as pessoas que sofrem de insónia e insónias crónicas, porque realmente não dá uma melhoria a longo prazo.”

“O português gosta de respostas rápidas e a medicação é a resposta rápida” que muitos portugueses decidem tomar, mesmo antes de tentarem mudar hábitos como evitar o consumo de ecrãs ao deitar ou reduzir o consumo de cafeína, lamenta Daniela Ferreira.

Entre os 64 países que forneceram dados ao Conselho Internacional para o Controlo de Narcóticos, o consumo médio de zolpidem na Europa foi significativamente maior do que em outras regiões.

Ler artigo completo