CRÓNICA | Meio pontapé na crise não chega

6 meses atrás 54

A mudança de atitude foi evidente em certos momentos do jogo, mas as debilidades, especialmente na pressão coletiva e defensivas, do Benfica continuam a assombrar o Benfica e o pontapé na crise que se vive nos últimos tempos ficou pela metade. O Rangers saiu da Luz com um empate a duas bolas e com tudo em aberto para a 2ª mão, na Escócia.

Na ressaca das duas derrotas ante os rivais, Roger Schmidt procurava uma resposta da equipa na Liga Europa, frente ao Rangers, e promovia uma pequena revolução no onze inicial, chamando à titularidade Bah, Neres, Cabral e Florentino Luís, com Kokçu e João Mário a começarem no banco. Do lado dos escoceses, o treinador Philippe Clément mexia em duas peças entre os titulares, com destaque para a presença do português Fábio Silva no onze.

Vontade não chega

Adeptos do Benfica endereçam mensagem a Roger Schmidt. 🔴

«Pedir desculpa é humildade
Arranjar desculpas é fraqueza
Respeitem o Benfica» pic.twitter.com/8MdYRLWMxR

— ZEROZERO (@zerozeropt) March 7, 2024

Era preciso uma clara reação encarnada, depois de duas derrotas pesadas, e foi isso que se viu nos primeiros minutos, com uma pressão alta assertiva e bem conduzida e uma boa dinâmica com bola, especialmente na esquerda, com Neres - o mais perigoso do lado do Benfica - e Aursnes a entenderem-se. Contudo, o Rangers, bem mais direto e vertical com bola, foi letal e, na primeira vez que conseguiu ultrapassar essa linha de pressão, defeituosa na direita do Benfica, pela menor ajuda de Di María, e acabou por marcar, aos 7', por Tom Lawrence, após cruzamento de Diomandé.

O golo deixou o Rangers atrevido e a turma escocesa foi tentando o golo na meia distância, até porque não fazia muita questão de ter a bola no pé muito tempo. Fábio Silva apresentava-se a extremo esquerdo, o lado menos dinâmico da equipa - Sterling e Tavernier mais perigosos, na direita - e era Dessers quem ia combatendo com os centrais encarnados, até à passagem da meia hora de jogo, quando a pressão escocesa baixou e estes passaram a apresentar um bloco mais baixo.

Com esse bloco, o Benfica passou a estar mais tempo em ataque organizado e teve menos espaço para explorar entrelinhas, o que o afastou da baliza de Butland. Contudo, em cima do intervalo chegou a emoção. Primeiro, Souttar teve uma péssima abordagem num canto, fez mão e permitiu a Di María empatar de penálti, aos 45+2, mas apenas três minutos depois, numa jogada de insistência pela esquerda, o Rangers apanhou a defesa encarnada às aranhas e Fábio Silva serviu Dujon Sterling para o 1-2.

Di María marcou de penálti @Kapta+

O caso estava bicudo para o Benfica e o nervoso miudinho aumentava numas bancadas que, depois do Clássico, deixavam mensagens a Roger Schmidt...

Reação curta

O Benfica precisava claramente de reagir e a atitude pressionante estava lá, assumindo os riscos que daí advinham, que iam permitindo, a espaços, as transições do Rangers, especialmente, desta vez, pela esquerda, onde Fábio Silva ia crescendo com bola e servindo de pivot para chamar a equipa. Apesar disso, o Rangers tinha cada vez menos bola, assumia o registo defensivo e entregava a responsabilidade ao Benfica. Numa primeira fase, a equipa voltou a ter dificuldades com bola, mas o crescimento de Rafa - menos preso ao centro e mais na direita - alavancou claramente a equipa...e o público da Luz.

O balão de oxigénio para as águias surgiu, no entanto, novamente de um erro defensivo. Roger Schmidt já tinha colocado Marcos Leonardo em jogo (aos 65') e apenas dois minutos depois Di María bateu o livre na direita e viu Goldson, tal e qual um avançado, cabecear para golo, mas na própria baliza...O jogo estava relançado e o ímpeto de jogo mudava claramente. O Rangers parecia cada vez mais «comprar» este resultado e o Benfica tentava crescer, pelas asas de Rafa e Neres.

Reação encarnada saiu curta @Kapta+

Philippe Clément ainda procurou dar vida ofensiva à equipa, embora mantendo um registo de jogo direto, em busca do ponta de lança, e a equipa sentiu isso mesmo e continuou a resguardar-se, por vezes até com uma linha de cinco atrás. O Benfica foi atrás do prejuízo e Schmidt tentou dar nova vida à ala esquerda com Tiago Gouveia e Carreras, mas o espaço no último terço era cada vez mais reduzido e os cruzamentos repetitivos iam sendo presa fácil para um Rangers que se aguentou com unhas e dentes.

O empate persistiu até final, a reação encarnada da 2ª parte ficou a meio e a eliminatória fica completamente em aberto para a 2ª mão. A crise do Benfica, por sua vez, continua.

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