Dissolução do Parlamento? Houve empate no Conselho de Estado

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Empate mostra que a decisão do Presidente da República esteve longe de ser consensual.

O Conselho de Estado não se pronunciou favoravelmente sobre a dissolução do Parlamento porque houve um empate na votação desta medida.

“O Conselho de Estado, na reunião de 9 de novembro de 2023, convocado nos termos da alínea e) do artigo 133.º e da alínea a) e alínea e), segunda parte, do artigo 145.º da Constituição, deliberou sobre a dissolução da Assembleia da República, tendo havido empate de votos, o Conselho não se manifestou favoravelmente a tal dissolução”, pode-ser ler no parecer hoje publicado em Diário da República que conta com a data de 9 de novembro.

Este empate mostra que a decisão esteve longe de ser consensual entre os membros do Conselho de Estado.

Recorde-se que António Costa apresentou a sua demissão a 7 de novembro na sequência do caso Influencer e depois de a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter indicado em comunicado que o primeiro-ministro estava a ser investigado pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ).

O primeiro-ministro sugeriu o nome de Mário Centeno, como primeiro-ministro interino, para liderar o país durante alguns meses até a realização de eleições legislativas que teriam lugar até ao final deste ano, mas o Presidente da República não aceitou esta opção e decidiu dissolver o Parlamento.

“A solução indicada pelo PS foi apresentar uma personalidade de forte experiência governativa, respeitado e admirado pelos portugueses, com forte prestígio internacional, que foi o professor Mário Centeno, mas o Presidente da República entendeu que, melhor do que ter uma solução estável e um governo forte e renovado, seria optar por eleições antecipadas”, disse o primeiro-ministro a 10 de novembro.

Já o Presidente justificou a sua decisão em comunicado ao país a 9 de novembro. “Primeira, a natureza do voto nas eleições de 2022, personalizado no primeiro-ministro, com base na sua própria liderança, candidatura, campanha eleitoral e esmagadora vitória. Assim o disse logo em 30 de março do ano passado, no discurso de posse do Governo, ao falar em eventual substituição a meio do caminho, sublinhando o preço das grandes vitórias, inevitavelmente pessoais e intencionalmente personalizadas”.

“Segunda, a fraqueza da formação de novo Governo, com a mesma maioria, mas com qualquer outro primeiro-ministro. Para tanto, não legitimado política e pessoalmente pelo voto popular”, disse então Marcelo Rebelo de Sousa.

O Parlamento foi desfeito esta segunda-feira, 15 de janeiro, e as eleições legislativas antecipadas vão ter lugar a 10 de março. Saiba o que muda nos próximos tempos no funcionamento da Assembleia da República.

Quem faz parte do Conselho de Estado?

Presidente da Assembleia da República
Augusto Santos Silva Primeiro-Ministro
António Costa Presidente do Tribunal Constitucional
Juiz Conselheiro José João Abrantes Provedora de Justiça
Maria Lúcia Amaral Presidente do Governo Regional da Madeira
Miguel Albuquerque Presidente do Governo Regional dos Açores
José Manuel Bolieiro Antigo Presidente da República
General António Ramalho Eanes Antigo Presidente da República
Aníbal Cavaco Silva

Cinco cidadãos designados pelo Presidente da República pelo período correspondente à duração do seu mandato:

António Lobo Xavier António Damásio Lídia Jorge Luís Marques Mendes Leonor Beleza

Cinco cidadãos eleitos pela Assembleia da República, pelo período correspondente à duração da legislatura:

Carlos César Francisco Pinto Balsemão Manuel Alegre António Sampaio da Nóvoa Miguel Cadilhe
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