Hipertensão pulmonar. A "doença zebra" que se confunde pelos sintomas

5 meses atrás 75

05 mai, 2024 - 08:11 • Redação

Doença é rara, incurável e afeta desempenho do coração e dos pulmões. Sintomas são facilmente confundidos com outras doenças. Diagnóstico tardio pode acabar num transplante de órgãos.

Sentir tonturas, sensação de aperto no coração ou cansaço extremo pode ser um sinal de hipertensão pulmonar que, muitas vezes, é desvalorizado como sintoma desta doença que é rara, incurável, evolutiva e que resulta de uma hipertensão na artéria que transporta o sangue do coração aos pulmões.

Em declarações à Renascença, a vice-presidente da Associação Portuguesa de Hipertensão Pulmonar (APHP), Patrícia Miranda, explica que sintomas como “o cansaço extremo, a fadiga muscular, a tosse - por vezes com sangue -, tonturas, desmaios, sensação de aperto no coração e dor ao respirar” são alguns dos sintomas da doença.

Esta responsável, que, além de enfermeira é, também, portadora da doença, reconhece que a hipertensão pulmonar passa despercebida devido aos sintomas serem partilhados com outras patologias.

“São sintomas comuns a muitas doenças, como, por exemplo, doenças do fórum psicológico, como a ansiedade, ou então doenças do fórum respiratório, como a asma. Isto faz com que, muitas vezes, o diagnóstico seja atrasado, porque os sintomas não são valorizados. É por isso que nós chamamos à hipertensão pulmonar uma doença zebra, porque ela está escondida”, explica.

Diagnóstico tardio pode ser irreversível

De acordo com a vice-presidente da APHP, o atraso no diagnóstico é “habitual” na hipertensão pulmonar, e pode ter “consequências graves” no estado do doente.

“O diagnóstico tardio faz com que a doença avance muito, e que o doente chegue a um estado que já não dá para regredir. Ou seja, dali para a frente o coração já vai estar com uma insuficiência cardíaca muito grande e os pulmões já vão ter pouquíssima capacidade.”

A falta de tratamento reduz “significativamente a duração dos pulmões” e “acelera a degeneração do coração”, o que pode acabar na necessidade de um transplante pulmonar ou cardiopulmonar, que é “o tratamento de última linha para a hipertensão pulmonar”.

Doenças respiratórias mataram mais de 10 mil portugueses em 2021

A vice-presidente da APHP reclama “mais divulgação” da hipertensão pulmonar junto da sociedade, e que a comunidade médica deve realizar “todos os exames específicos” para descartar a doença, ao invés de “associar logo” a outras patologias.

Patrícia Miranda, “ao contrário de muitos”, foi diagnosticada com hipertensão pulmonar ainda na infância. Atualmente convive “bem” com a doença, embora “existam sempre limitações”.

A responsável acredita que o diagnóstico precoce lhe permitiu “controlar” o desenvolvimento da patologia, ao contrário de quem, por exemplo, “tem de andar 24 horas por dia com oxigénio para todo o lado”.

Em Portugal existem cerca de 300 casos diagnosticados, mas "estima-se que o número real seja superior".

O Dia Mundial da Hipertensão Pulmonar assinala-se este domingo, 5 de maio.

Destaques V+

Ler artigo completo