Yair Lapid assegura a Benjamin Netanyahu que está pronto para entrar no gabinete de crise se os partidos de extrema-direita e as suas extravagantes agendas saírem do governo.
O líder da oposição ao governo israelita, Yair Lapid, tem-se mantido longe dos holofotes noticiosos, numa tentativa, dizem os analistas citados pela imprensa do país, de assumir a prazo uma alternativa credível ao governo gabinete de crise que é formado pelos extremistas de direita, por fanáticos religiosos, pela direita conservadora (do Likud, de Benjamin Netanyahu) e pela coligação Azul Branca de Benny Gantz, ex-opositor ao primeiro-ministro.
Sentindo que as sensibilidades em presença no gabinete seriam demasiado diversas para manter alguma hegemonia por muito tempo, Yair Lapid, líder do partido Yesh Atid e ex-primeiro-ministro, parece estar a aproximar-se do que considerará ser o momento certo para surgir como alternativa.
O gabinete de crise está exatamente na situação que Lapid tinha antecipado: é neste momento duas correntes claramente em oposição, entre os extremistas – que querem levar os colonatos ilegais de volta para a Faixa de Gaza e recusam aceitar qualquer negociação com o Hamas – e os moderados (pelo menos na comparação) do Likud.
Yesh Atid disse esta quarta-feira num programa televisivo que está preparado para entrar no governo para substituir os partidos ultranacionalista Otzma Yehudit e Sionismo Religioso, se isso for o necessário para garantir a libertação dos reféns de Gaza. Lapid disse que o seu partido forneceria “uma rede de segurança” para o governo, depois de os partidos de extrema-direita, liderados pelo ministro da Segurança Nacional Itamar Ben Gvir e pelo ministro das Finanças Bezalel Smotrich, terem mais uma vez criticado duramente as negociações que podem levar (para já sem qualquer garantia) a um possível acordo de troca reféns.
Se isso suceder, Lapid ficará numa posição de clara vantagem política no pós-guerra, tornando-se uma alternativa credível a Benjamin Netanyahu. Neste contexto, os analistas afirmam que o primeiro-ministro não vai aceitar a proposta, preferindo lidar com partidos que individualmente têm pouca aceitação eleitoral, que contribuir para o fortalecimento político da oposição democrática.
Entretanto, os jornais do país citam um alto dirigente israelita que disse que “há fortes indícios” de que um acordo para os reféns avançará mesmo, acrescentando que o governo de Israel ainda não concordou oficialmente com os termos definidos, mas que o poderá fazer a curto prazo.
Benjamin Netanyahu voltou a reunir em Jerusalém com representantes de 18 famílias de reféns, reafirmando que o “nosso compromisso é trazer todos de volta”. E acrescentou que os detalhes desses esforços devem ser discretos para que funcionem. “Quanto mais publicidade recebe esse esforço, mais longe ele fica, e quanto mais discretos os esforços são mantidos, maiores as hipóteses de sucesso”, disse Netanyahu – repetidamente acusado de não ter o devido cuidado com a questão dos reféns.
De acordo com a imprensa, as famílias pressionaram Netanyahu a definir o regresso dos reféns como o principal objetivo da guerra, mas o primeiro-ministro terá recusado fazê-lo.