“O mercado funcionou”, disse hoje Isabel Ucha, apontando para a valorização da energética e o financiamento que obteve.
A líder da bolsa de Lisboa lamentou hoje a eventual saída da Greenvolt de bolsa (se a OPA dos norte-americanos da KKR tiver sucesso), mas considera que esta é a prova de que o mercado funciona.
“Nunca ficamos satisfeitos com a saída de uma empresa, mas as entradas e saídas fazem parte da vida do mercado”, começou por dizer hoje Isabel Ucha.
“A Greenvolt era uma empresa interessante e temos pena. Maiores felicidades se isso acontecer, mas o mercado funcionou”, acrescentou a líder da Euronext Lisboa.
“A empresa valorizou-se, levantou 600 milhões de financiamento em dois anos, 250 milhões em capital e 350 milhões em dívida green bond. É um exemplo notável”, afirmou.
Recorde-se que a gestora de ativos norte-americana KKR quer tirar a Greenvolt de bolsa se ficar com 90% ou mais do capital no âmbito da OPA lançada sobre 40% do capital da elétrica.
“Se a Oferente, em resultado da presente Oferta (…) vier a deter 90% ou uma percentagem superior dos direitos de voto correspondentes ao capital social da Sociedade Visada, a Oferente exercerá o direito de aquisição potestativa (…) o que resultará na exclusão das Ações da admissão à negociação no mercado regulamentado com efeitos imediatos”, pode-se ler no documento enviado pela empresa à CMVM no lançamento da OPA em dezembro.
A KKR salienta ainda que, “caso o limiar de 90% dos direitos de voto seja atingido ou ultrapassado através da imputação dos direitos de voto, detidos pela ou imputados por terceiro à, Oferente, à GV Investor (caso o direito de conversão das Obrigações Convertíveis em Ações seja exercido e a conversão seja implementada até ao final da Oferta, conforme descrito no parágrafo 9 supra), bem como a qualquer outra entidade à qual sejam atribuídos os direitos de voto detidos pela, ou imputados por terceiro à, Oferente, GV Investor, ou outra afiliada da KKR, na Sociedade Visada, nos termos do número 1 do artigo 20.º do CVM, em particular nos termos da alínea b), então o direito de aquisição potestativa será exercido por uma afiliada da KKR à qual sejam atribuídos, nos termos do parágrafo b) do número 1 do artigo 20.º do CVM, os direitos de voto na Sociedade Visada atribuídos à Oferente, à GV Investor e a qualquer outra afiliada da KKR”.
Se as condições descritas anteriormente não se verificarem, a “Oferente poderá considerar, após o encerramento da Oferta, requerer a convocação de uma assembleia geral de acionistas da Sociedade Visada para aprovar a exclusão voluntária de negociação das Ações Sociedade Visada”.
Após a saída de bolsa, “e na medida em que a Oferente, diretamente ou nos termos do número 2 do artigo 483.º do Código das Sociedades Comerciais (“CSC”), passe a deter 90% ou uma percentagem superior do capital social da Sociedade Visada, a Oferente avaliará então se deverá proceder a uma aquisição potestativa das Ações que permaneçam na titularidade de outros acionistas, nos termos do disposto no artigo 490.º do CSC”.
A sociedade sediada no Luxemburgo Gamma Lux, detida pela KKR, lançou uma oferta pública geral voluntária de aquisição de ações da Greenvolt.
O fundo já assinou contratos para comprar participações a sete acionistas da Grenvolt, incluindo Paulo Fernandes, num total de 61%, com a OPA a ser voluntária. A Gamma Lux oferece 8,3 euros por cada ação da Greenvolt.
Segundo o comunicado da Gamma Lux enviado para a CMVM, a oferta representa um prémio de 95% face à oferta pública inicial; um prémio de 31% face ao preço médio ponderado das ações (6,28 euros) em bolsa durante os seis meses anteriores a 20 de dezembro.
A aquisição só deverá estar concluída a partir de 31 de maio de 2024. A operação precisa de ser aprovada pela Autoridade da Concorrência de Portugal, e das congéneres da Roménia, Irlanda, Reino Unido e da Alemanha.