O comentador político defende a criação de um pacto na habitação ao nível governativo, dado que uma política de habitação sólida e credível implica tempo e estabilidade.
Luís Marques Mendes classifica como um “erro” concentrar todas as soluções para o sector da habitação no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). O comentador político analisou o atual momento do sector, no encerramento da conferência da Century 21 Portugal que decorreu no Casino de Lisboa esta quinta-feira, 8 de fevereiro.
“É preciso ter em atenção que hoje a vida económica nacional está muito concentrada no PRR, que é uma espécie de D. Sebastião, como se fosse a salvação dos nossos danos. Mas ligar tudo ao PRR é um erro. O PRR termina em 2026, mas o pesadelo da habitação não se esgota em 2026”, referiu.
A um mês das eleições, Marques Mendes realçou que há muita gente em Portugal zangada com os políticos, o Governo, a oposição, a forma de fazer política e a falta de oportunidades, acrescentando que “se há sector que hoje em dia torna muitas famílias e jovens zangados é a habitação”.
Como tal, o comentador político considera que é preciso tempo e estabilidade para poder aplicar uma política de habitação minimamente sólida de credível. Contudo, alertou para o facto de que “é melhor habituarmo-nos à ideia de governos de curta duração e não de quatro em quatro anos. Nesta área da habitação justifica-se um pacto de habitação. Enquanto não houver algo desta natureza tudo é mais difícil”.
Marques Mendes entende que no sector imobiliário há demasiada ideologia e pouco pragmatismo, onde os debates e discussões são todas feitas nessa base. “Este é um sector que está demasiado politizado, inflacionado nas suas decisões e era bom para que funcionasse melhor que assim não estivesse. Há uma inflação de ilusões, o último exemplo foi quando o Governo achou que devia criar o Ministério da Habitação. Quando um político acha que resolve um problema criando uma nova estrutura é um péssimo político, seja à direita ou esquerda”, salientou.
A finalizar, o comentador político destacou o facto de os jovens hoje em dia deixarem em grande quantidade o país, uma situação que no seu entender não vai ser resolvida a curto prazo.
“Não vale a pena nenhum de nós ser demagógico e achar que isto se vai resolver de forma rápida. Quando muito se fala de populismo é preciso ter em atenção que os populismos combatem-se com a esperança e gerando resultados através da ambição”, sublinhou.