Metade dos doentes indicados para cuidados paliativos morreu sem vaga

1 mes atrás 66

Na monitorização dos dados relativos ao acesso a cuidados paliativos, a ERS conclui que 37,4 por cento dos casos referenciados para cuidados paliativos foram admitidos em unidades da rede nacional. No entanto, foram mais os utentes que em 2023 acabaram por morrer antes de serem admitidos nas unidades contratualizadas com o setor privado ou social.

A rede nacional de cuidados paliativos inclui dois tipos de Unidades de Internamento de Cuidados Paliativos (UCP): as UCP hospitalares, que prestam cuidados paliativos a doentes com doenças graves e/ou avançadas e progressivas, que necessitam de internamento, e as UCP -- RNCCI [Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados], que são contratualizadas com entidades do setor social ou privado, que prestam cuidados em situações de complexidade baixa a moderada.

O relatório da ERS incidiu no acesso à rede nacional de cuidados continuados integrados “"por impossibilidade de obtenção de informação completa e sistematizada relativa às restantes tipologias de cuidados”.

“Atendendo a que a natureza de cuidados paliativos prestados em cada uma das tipologias se distingue pela complexidade clínica, poderá subsistir um problema de acesso a cuidados paliativos para utentes com necessidade de cuidados paliativos de baixa complexidade, em particular nas regiões de saúde do Centro e do Algarve”, aponta a ERS.
Quase um mês de espera
O relatório da ERS, hoje divulgado, sublinha a ausência de oferta destas unidades nas regiões Centro e Algarve e refere que 77% está concentrada na região de Lisboa e Vale do Tejo.

Conclui também que a taxa de camas ajustada por 1.000.000 habitantes fica "aquém do limiar recomendado pela Associação Europeia para Cuidados Paliativos", que varia entre 80 e 100, abrangendo tanto o contexto hospitalar quanto o de cuidados continuados.

Ao nível da oferta, apenas o Alentejo apresenta uma oferta de cuidados paliativos superior ao limiar mínimo recomendado.

De acordo com o relatório da ERS, o tempo médio de espera para admissão dos utentes referenciados em 2022 e 2023 foi inferior a um mês (20 dias de espera em 2022 e 21 dias de espera em 2023).

"Os utentes que faleceram, que representam a maior proporção dos utentes referenciados, estiveram em média 12 dias a aguardar uma vaga, nos dois anos em análise", refere o regulador.

A ERS concluiu ainda que mais de um em cada 10 (12%) utentes referenciados e admitidos em 2023 residiam a mais de uma hora de viagem da unidade em que foram internados.

(com Lusa)

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