Miranda Sarmento. "Trabalhar não é condição suficiente para escapar à pobreza e devia ser"

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"Trabalhar em Portugal não é condição suficiente para escapar à pobreza e devia ser", defendeu, esta quarta-feira, Joaquim Miranda Sarmento que, na conferência "Portugal: Um país condenado a ser pobre?", também lamentou os números da pobreza no país que afetam as crianças. "Não devia ser aceitável que houvesse crianças em situação de pobreza num país da União Europeia", defende.

Numa apresentação que preparou para tentar responder à questão que serve de mote a esta conferência, o líder da bancada do PSD relembrou que "somos pobres no contexto europeu" e que um dos principais indicadores de pobreza está no nosso salário mediano, que é "o quarto mais baixo da União Europeia". Para além do país ser pobre, é também "desigual nessa pobreza", talvez resultado do facto da "economia portuguesa não crescer há mais de 20 anos" e ter passado por quatro recessões.

"A escola pública é cada vez menos um elevador social"

"Não há fórmulas mágicas, mas a única maneira que temos de melhorar é com crescimento económico", acredita o social democrata. "A única maneira de fazer crescer salários é fazer crescer a produtividade e fazer crescer a economia", acrescenta, defendendo que "a economia portuguesa é pouco competitiva".

"Temos imensos estudos sobre isto. Os estrangulamentos da economia portuguesa estão bem identificados", indica. Para os combater, Miranda Sarmento defende "um caminho com duas componentes": "por um lado, temos de deixar o mercado funcionar para criarmos riqueza, mas depois temos de ter políticas públicas", ressalva, pedindo um "equilíbrio" entre estes dois universos.

"A principal prioridade do país deve ser crescer porque só isso nos permite oferecer melhores salários, especialmente às gerações mais jovens", argumenta o social democrata que destaca o papel do SNS e das escolas públicas enquanto "ferramentas para reduzir as desigualdades", mesmo que a educação possa falhar nessa função.

"A escola pública é cada vez menos um elevador social", lamenta, apesar de dar, de seguida, um exemplo que prova o contrário. "A minha melhor aluna no ISEG em 15 anos provinha de um ambiente socialmente desfavorecido e isso não a impediu de ser a melhor aluna na licenciatura e no mestrado", partilha.

A conferência "Portugal: Um país condenado a ser pobre?" decorre esta quarta-feira de manhã na assembleia municipal de Vila Nova de Gaia, numa parceria entre aquela câmara e a Renascença.

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