O (fraco) entretenimento algarvio

2 meses atrás 51

O que daqui resulta é uma comunicação pouco atraente, festas tristes e enfadonhas, zero criatividade e uma promoção que mal se percebe.

O Algarve vive por estes dias o seu período de explosão turística com as férias dos portugueses condensadas todas em cerca de quatro semanas.  É a invasão dos restaurantes, dos hotéis e das praias, tudo ao mesmo tempo, uns à procura de descanso outros de festa que “rima” sempre melhor com Verão do que com o Inverno. E se bons restaurantes não faltam por cá, já a noite vive momentos estranhos e difíceis. Pouca ou nenhuma diversidade, todos em busca do mesmo público, com as mesmas músicas e as caras habituais. De há uns anos a esta parte a qualidade diminuiu e a oferta também, o que leva muitos dos que procuram animação e que têm algum dinheiro na carteira a procurar outras paragens para encontrar algo que os surpreenda e que lhes dê verdadeiramente gozo. Acredito que se formos perguntar a dois ou três empresários do ramo eles até possam estar satisfeitos com os resultados, o problema é que dois ou três é muito pouco.

Com o alojamento e a hotelaria a preços cada vez mais elevados em comparação com destinos até bem próximos como Espanha é natural que pessoas que escolhem as suas férias em função de algum divertimento vão desaparecendo aos poucos do Sul do nosso país. Dirão alguns que isto não é, nem é para ser Ibiza. Certo. Mas de Espanha à Grécia, da Croácia à França ou Albânia, todos eles têm espaços e programações que permitem um equilíbrio entre o descanso e o lazer, produções bem desenhadas e serviço de praia aproveitando os fins de tarde ao cair da noite para dançar e beber um copo. O Verão no Algarve é por isso, hoje em dia uma escolha óbvia para consumo caseiro e pouco dada a um serviço de qualidade que possa atrair quem mais tem para gastar, cingindo-se aos miúdos que vão ganhando as suas primeiras saídas e a uns poucos sobreviventes de outra idade que não têm mais para onde ir.

O que daqui resulta é uma comunicação pouco atraente, festas tristes e enfadonhas, zero criatividade e uma promoção que mal se percebe. Acredito que para alguns esteja bom assim, a realidade é que os grandes eventos, a exclusividade, o bom gosto, o ambiente e o serviço de qualidade há muito que fugiram desta noite, captando um público que fica satisfeito com pouco e pouco lhes é oferecido. Não é ser velho do Restelo nem estar sempre a olhar para trás. É ver o que outros fazem a nível internacional e perceber que nos transformámos na parvónia e no refugo dos que não têm acesso a mais nada.

Não precisamos de ser um destino de festa com ruas sujas e música 24 horas por dia para apresentarmos ofertas inovadoras e programações atraentes para quem se quer divertir num fim de tarde ou principio de noite de calor. O ano passado um amigo do dono de um dos melhores espaços de Ibiza pediu-me dicas para vir passar uns dias ao Algarve, a meio de Setembro porque queria também perceber como funcionavam por cá as festas e ele pediu-mas a mim. Sugeri-lhe comprar um bom livro, escolher dois ou três bons restaurantes, desfrutar da praia e da gastronomia e aproveitar para descansar. Porque de resto não teria mais nada. Quando ouviu a resposta achou que estava a gozar com ele. Mas infelizmente não…

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