Pichardo decide futuro após Liga Diamante e reuniões com Rui Costa e Governo

1 mes atrás 47

O atleta do Benfica, de 31 anos, foi hoje homenageado pela Câmara Municipal de Setúbal, pela conquista da medalha de prata em Paris2024, tendo, mais uma vez, ponderado terminar a carreira.

“Tenho mais uma competição este ano, a final da Liga Diamante, que não posso fugir por motivos contratuais. Depois daí, da conversa que vou ter com o presidente do Benfica [Rui Costa], com as outras entidades do país, vamos decidir em conjunto. Eu, a minha equipa de treino e a minha família”, disse o atleta nascido em Cuba, que representou Portugal nas últimas duas edições dos Jogos Olímpicos.

À margem da homenagem do Município da cidade onde treina diariamente, questionado sobre se a decisão sobre o seu futuro pode depender do resultado dessas “conversas”, campeão olímpico em Tóquio2020 foi taxativo: “Obviamente que sim, claro”, afirmou.

O atleta do Benfica tem criticado publicamente a falta de apoio das entidades oficiais portuguesas e encontra-se em litígio assumido com a diretora do projeto olímpico e do atletismo do Benfica, Ana Oliveira.

Não descartou, no entanto, continuar a representar o clube ‘encarnado’ após esclarecer a situação com o presidente, Rui Costa, possivelmente “na semana que vem”, adiantou.

“A parceria com o Benfica não tem sido tão boa nos últimos tempos, mas espero que possamos melhorar no futuro. Tenho fé que corra tudo bem. Tenho uma reunião com o presidente, espero que corra bem”, revelou Pichardo.

Sobre uma reunião que pediu ao primeiro-ministro de Portugal, quando se cruzou com o próprio Luís Montenegro ainda em Paris, revelou que está “agendada para setembro”, mas sem saber precisar a data.

“Gostaria muito que acontecesse não só com o primeiro-ministro, mas também com o secretário de Estado do Desporto [Pedro Dias] e com todas as entidades. É uma conversa, não são exigências, nem assuntos pessoais. Estou a reclamar [apoios] para o desporto em geral”, esclareceu.

Igualmente presente, o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) mostrou-se “convicto de que Pedro [Pichardo] vai continuar a representar Portugal”.

“O Pedro está na flor da sua competitividade. A disciplina dele é muito difícil, agressiva e exigente, mas com saúde vai continuar a trazer-nos medalhas e manter-se na elite mundial. Não tenho a mais pequena dúvida disso”, disse Jorge Vieira, em declarações à agência Lusa.

Sobre as lamentações do atleta, o dirigente enquadrou-a na “liberdade de expressão”, que deve ser defendida, “mesmo que por vezes não se concorde totalmente”.

“Ele expressa essa opinião e é bom que tenha a oportunidade de explicar aos principais responsáveis o que é que quer dizer quando fala assim”, comentou o líder da FPA.

Na ‘ressaca’ dos Jogos Paris2024, Pichardo também agradeceu à Câmara Municipal de Setúbal, pela cedência das instalações desportivas, apesar de também ter considerando que a pista que utiliza “não está em boas condições”.

“A Câmara de Setúbal liga para o clube para pedir apoio para andar a emendar os buraquinhos. A tábua não está boa, a caixa de areia não está boa, o ginásio não está… é complicado também. De segunda a sábado, todos os dias aquele treino, com falta de apoio, com falta de condições, também não é fácil”, lamentou Pichardo, após o concurso olímpico, na zona mista do Stade de France.

Pichardo gostava de ver Portugal conquistar “10 medalhas” nos Jogos Olímpicos

O medalha de prata no triplo salto dos Jogos Olímpicos Paris2024, Pedro Pichardo, disse em Setúbal que gostava de ver Portugal a conquistar “10 medalhas” em futuras edições e reiterou que isso “é possível” com “apoio”.

“Gostaria de desfrutar, quando for mais velho, de estar sentado em casa e ver que Portugal trouxe seis, oito, 10 medalhas”, disse o vice-campeão olímpico, à margem de uma homenagem de que foi alvo pela Câmara Municipal de Setúbal.

Reiterando que “é necessário apoio das entidades, do desporto escolar, dos clubes e do Governo”, Pichardo vincou que as ‘reclamações’ que tem feito “nos últimos tempos” têm como objetivo conseguir “mais apoio para os atletas de alta competição”.

Se isso acontecer, “é possível” que o país consiga a quantidade de medalhas que vaticinou e o ciclismo de pista é uma prova disso, após a medalha de prata conquistada por Iuri Leitão no omnium e do ouro conquistado pelo mesmo ciclista, em parceria com Rui Olveira, no madison.

“Ficou demonstrado agora nos Jogos Olímpicos, com o ciclismo. Eles não tinham pista, fizeram uma há pouco tempo e está aí o resultado: tiveram duas medalhas. Temos talento em Portugal, precisamos do apoio do Governo, dos clubes, das associações e do povo”, apelou o campeão olímpico do triplo em Tóquio2020 e ‘vice’ em Paris2024.

No mesmo sentido, o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) concordou que Portugal tem “população e dimensão” para conquistar “mais medalhas” do que as quatro que trouxe de Paris2024.

“Não tenho dúvidas nenhumas de que o limite de medalhas para Portugal não são quatro medalhas por Jogos [Olímpicos]”, disse Jorge Vieira à agência Lusa, aludindo à repetição na capital francesa do recorde de ‘metais’ arrecadados em Tóquio2020.

Segundo o dirigente, as suas palavras não constituem qualquer tipo de “crítica” aos “resultados que o desporto português está a atingir”, sendo, isso sim, “um sinal de esperança em relação ao futuro”.

“Temos potencial, temos população, temos capacidade e talento para termos melhores resultados e para termos mais medalhas a nível olímpico, mundial e europeu”, vincou Jorge Vieira.

Questionado sobre o que falta, então, para atingir esses resultados, o presidente da FPA lembrou que é preciso “trabalhar muito mais e melhor a base da pirâmide” desportiva em Portugal.

“Hoje temos um sistema de apoio para os atletas que estão em preparação olímpica com muito boas condições. Estamos muito bem no topo da pirâmide, mas o problema são os alicerces. Aí há que trabalhar muito, investir muito e haver políticas públicas muito claras que têm sido adiadas sucessivamente, Governo após Governo”, apontou.

Ler artigo completo