Quem vai governar? Eis os discursos e os apelos dos partidos na campanha

6 meses atrás 62

A campanha eleitoral para as eleições legislativas do próximo domingo, dia 10 de março, termina esta sexta-feira. Entre arruadas, comícios, discursos, promessas e ataques aos adversários, os candidatos deram tudo para convencer os portugueses que cada um é a melhor escolha para ser o próximo primeiro-ministro de Portugal.

O Partido Socialista (PS), de Pedro Nuno Santos, apostou no equilíbrio entre a herança de António Costa e a renovação. O secretário-geral procurou capitalizar as polémicas que resultaram da campanha da Aliança Democrática (AD) e, perante demonstrações de descontentamento, prometeu atender às reivindicações de setores profissionais. Ao longo da campanha, esteve ainda bem patente a intenção do PS de combater a ideia de que Pedro Nuno Santos foi o "ministro trapalhadas". A campanha socialista passou por vários locais, de norte a sul do país, com o objetivo de mostrar a obra feita, ou em curso, tendo Pedro Nuno feito percursos de comboio em linhas modernizadas nos últimos anos.

A AD (que une o PSD, o CDS -PP e o PPM) juntou ex-líderes do PSD e do CDS-PP para mostrar unidade à volta do líder Luís Montenegro e a mensagem comum foi a crítica dura à governação do PS e a ideia de que só a AD representa a "mudança segura". Montenegro prometeu travar a emigração dos "filhos de Portugal" e assumiu o compromisso de reconciliação com os idosos devido às reformas cortadas na última governação do partido. A campanha ficou também marcada por polémicas sobre a imigração, o aborto e as alterações climáticas, tendo Luís Montenegro sido atingido, ao quarto dia, por tinta verde por um ativista. 

Já André Ventura tentou contrariar os apelos ao voto útil feitos pelo PS e PSD e garantiu que o Chega é o único partido que representa a mudança para Portugal. O líder do partido garantiu ter "99% de garantia e certeza" de que a Direita formará governo se tiver maioria, onde o Chega estará incluído. Durante a campanha, Ventura recorreu ao insulto para atacar os adversários e na segunda semana procurou lançar a suspeita de que o resultado eleitoral poderia ser desvirtuado com a anulação de votos do Chega e da AD. A campanha ficou também marcada por dúvidas quanto ao financiamento eleitoral e partidário do Chega e pela defesa de temas polémicos, como a prisão perpétua.

Rui Rocha considerou determinante que a Iniciativa Liberal (IL) esteja incluída numa "transformação real de Portugal", mas recusou fazer apelos a Luís Montenegro. O presidente da IL desafiou Montenegro a baixar o IRS em 100 euros mensais para salários médios e a dizer que sistema eleitoral pretendia para o futuro. Rui Rocha alertou ainda para a importância de se olhar para o comércio local.

Por seu lado, Mariana Mortágua do Bloco de Esquerda (BE) procurou virar a página da maioria absoluta, travar a Direita e bateu-se por uma maioria de Esquerda com força do BE. Antes da caravana se fazer à estrada, o Bloco mostrou disponibilidade para um novo acordo pós-eleitoral com o PS. Os ataques ao "desastre da maioria absoluta" e a um PS "viciado em remendos" foram constantes, tendo Mortágua evitado críticas diretas a Pedro Nuno Santos. Os apelos ao voto foram-se multiplicando num discurso de Mortágua totalmente no feminino que terminou com um derradeiro apelo: "votem como mulheres". A coordenadora do Bloco deixou ainda críticas ao "desfile do passado" da campanha da AD e fez marcação cerrada ao financiamento do Chega. 

Rui Tavares optou por passar a mensagem que o Livre representa uma "Esquerda moderna", tentou contrariar o apelo ao voto útil, bem como distinguir-se dos parceiros à Esquerda. O Livre propôs a reedição da antiga Geringonça e defendeu ainda que "a Direita democrática tem que ter com quem dialogar". Com estas declarações, acabou por entrar em choque com Mariana Mortágua. 

A CDU de Paulo Raimundo centrou a campanha no aumento "geral e significativo" dos salários e das pensões, passando ainda pela aposta no investimento público em saúde e habitação, e sem esquecer o combate à pobreza. Raimundo invocou o passado de luta contra a ditadura para reiterar a experiência de combate à Direita e deixou ainda críticas à a maioria absoluta dos últimos dois anos. A CDU salientou ainda o apoio do PCP na Geringonça, puxando pelo apoio dado pelo partido a medidas desse tempo.

O sonho de um grupo parlamentar esteve na mira de Inês Sousa Real durante a campanha. A deputada única do PAN destacou a "agenda progressista e ambientalista" do partido e não excluiu a possibilidade de entendimentos pós-eleitorais. Inês Sousa Real considerou que Luís Montenegro "deu a mão ao conservadorismo" e acusou a AD de não ter preocupações com os animais, ambiente e com as mulheres. Sobre o PS, o PAN considerou que maioria absoluta de Costa "foi uma oportunidade perdida para os avanços que o país poderia ter feito". A campanha do PAN ficou ainda marcada pela desfiliação de dois membros eleitos para a Assembleia Municipal de Faro. 

Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar no domingo, 10 de março, para eleger 230 deputados à Assembleia da República. A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.

Leia Também: Eleição 'abençoada'? Domingo vai contar com chuva, neve, vento e frio

Ler artigo completo