“Como é possível que o emprego cresça 2,0% em 2023 e a produção (PIB) aumente 2,3%? A explicação está relacionada com o facto de a produtividade ter aumentado no último ano. Esta variável tende a aumentar quando os recursos são utilizados de maneira mais eficiente e isto geralmente é positivo. No entanto, também pode ter implicações negativas, como o aumento da pressão sobre o mercado de trabalho”, segundo Isabel Roseiro, da Randstad Portugal.
O quarto trimestre de 2023 regista a maior queda de emprego face aos mesmos períodos dos últimos 10 anos. A conclusão é da Randstad Portugal que acaba de publicar a sua análise aos resultados do Inquérito ao Emprego do Instituto Nacional de Estatística (INE).
No período analisado registou-se uma diminuição no número de empregados face ao trimestre anterior (-35 mil pessoas, isto é, -0,7%).
“Trata-se da maior queda num quarto trimestre desde 2012 e, desta forma, o número de pessoas empregadas passou para 4.980.500 profissionais. O desemprego registou um aumento trimestral de 28.500 pessoas (um aumento de 8,7% face ao terceiro trimestre de 2023). Já em termos homólogos o desemprego cresceu em 10.400 pessoas”, revela a Randstad Portugal que acrescenta que a taxa de desemprego cresceu em 0,5 p.p. no último trimestre, sendo de 6,6%.
A análise em termos homólogos revela que o emprego registou um aumento de 79.800 profissionais, isto é +1,6% face ao quarto trimestre de 2022. Também o desemprego cresceu em 10.400 pessoas face ao mesmo período de 2022 e a população ativa registou também um acréscimo em 90.200 pessoas, isto é 2,4%.
A Randstad Portugal avança que a diminuição do emprego no quarto trimestre foi registada tanto no grupo dos assalariados, como no dos trabalhadores por conta própria. No entanto, entre os assalariados o último trimestre de 2023 caracterizou-se por um aumento dos contratos sem termo (9.800 contratos, ou seja +0,3%) e uma diminuição dos contratos a termo (-27.600 contratos, isto é -4,4%).
Já no estudo por grupos etários, a análise revela que esta diminuição do emprego foi registada em todos os grupos etários, exceto na faixa dos 35 aos 44 anos, onde foi verificado um aumento em 7.100 profissionais, ou seja, +0,7%. O emprego diminuiu trimestralmente ainda em quase todos os setores de atividade, exceto no setor da indústria, construção, energia e água.
Os dados publicados pelo INE, citados pela Randstad Portugal, referem ainda que do total de 4.980.500 profissionais empregados no país, 18,6% indicaram ter a possibilidade de trabalhar a partir de casa nas diferentes modalidades de teletrabalho.
A Área Metropolitana de Lisboa regista a maior percentagem de teletrabalho, com 31,8%.
“Os dados do INE indicam que houve um abrandamento da economia, sobretudo devido à desaceleração do consumo privado e do investimento no país. Apesar disto, a economia continuou a crescer mais do que o emprego no ano transato, o que pode ser explicado com o aumento da produtividade do trabalho”, detalha a Randstad Portugal.
A análise dos dados publicados hoje pelo INE mostra que o emprego atingiu um crescimento homólogo médio de 2,0%. “Como é possível que o emprego cresça 2,0% em 2023 e a produção (PIB) aumente 2,3%? A explicação está relacionada com o facto de a produtividade ter aumentado no último ano. Esta variável tende a aumentar quando os recursos são utilizados de maneira mais eficiente e isto geralmente é positivo. No entanto, também pode ter implicações negativas, como o aumento da pressão sobre o mercado de trabalho”, segundo Isabel Roseiro, diretora de Marketing da Randstad Portugal.
“Estas situações podem ser geridas com a automação e a implementação de tecnologia enquanto recursos. “Isto também gera a uma necessidade de requalificação profissional e uma capacidade de adaptação dos trabalhadores afetados”, adianta Isabel Roseiro.