Empresa invoca taxas de juro elevadas e custo de capital mais caro para defender um retorno “mais justo” para os seus investimentos.
A REN defende que a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) deve atribuir um “retorno justo” ao seu plano de investimentos para os próximos ano.
“O retorno deve ser justo. As taxas de juro subiram, o custo do capital aumentou”, disse o administrador financeiro da empresa Gonçalo Morais Soares durante a apresentação do Capital Markets Day que teve lugar na segunda-feira em Lisboa.
Também o presidente-executivo da companhia destacou isto durante a sua apresentação. “A nossa regulação é dura, percebemos o papel do regulador, mas esperamos que a regulação melhore para garantir que fazemos o nosso trabalho”, disse Rodrigo Costa durante o evento, deixando um aviso: “vai ser impossível” realizar o plano de investimento sem um retorno adequado.
“Queremos uma regulação justa. Quando comparamos a nossa regulação com outros países, penso que há algum espaço para o regulador mudar algumas coisas”, segundo Rodrigo Costa que considera que existe uma “comunicação boa” entre a empresa e o regulador liderado por Pedro Verdelho.
“O papel do regulador é tenta sempre fazer a análise mais correta, na sua perspetiva, que permite que o mercado funcione. Achamos que, para o esforço que fazemos, para o sistema económico que o país tem, para os aumentos de custos que tem havido, para a complexidade de tecnologia, para os riscos que são cada vez maiores, a inovação necessaria… As coisas não vão continuar a ser feitas da mesma maneira. E o regulador têm consciência dos enormes desafios que esta mudança de combustíveis fosseis para renováveis traz. Esperamos sensibilizar o regulador para que, na próxima revisão regulatória, se consigam arranjar fórmulas para manter a nossa…”, acrescentou.
Sobre o peso dos investimentos nas tarifas de eletricidade, Gonçalo Morais Soares, por sua vez, apontou que “anda à volta dos 6% hoje em dia”.
E congratulou os acordos diretos com os promotores de energia solar, uma “forma inovadora” de investir que “não vai impactar as tarifas”.
“A maior parte do custo nas tarifas é o custo de eletricidade que vai baixar quando conseguirmos implementar um sistema elétrico com muitas renováveis”, destacou.
A REN prevê investir entre 1,5 mil milhões a 1,7 mil milhões de euros entre 2024 e 2027, anunciou hoje a companhia de infraestruturas energéticas.
Do investimento total, 65% destina-se a investimentos na rede de eletricidade, 25% no gás natural e 10% a nível internacional.
Em termos de Capex médio anual, a companhia prevê investir entre 350-450 milhões entre 24-27, um valor que contrasta com os 250 milhões registados entre 21-23.
O EBITDA anual vai subir de 487 milhões em média para os 500-540 milhões de euros.
A empresa espera um lucro médio anual entre os 105-120 milhões, que contrasta com os 110 milhões do plano anterior.
A base de ativos deverá atingir os 4,3-4,4 mil milhões de euros face aos 3,9 mil milhões anteriores.
Em termos de dívida líquida, esta deverá rondar os 2,5-2,6 mil milhões no final do novo plano, que contrasta com os 2,4-2,7 mil milhões de euros.
A companhia também espera atingir 13-15% de fundos operacionais/dívida líquida face aos 12-14% anteriores.