REPORTAGEM | O culto ao craque: D10S e os seus discípulos pintam as ruas de Nápoles

9 meses atrás 77

Dizem que a cidade de Nápoles destoa um pouco da maior parte do cenário transalpino. Mais suja, mais perigosa, menos romântica. Após um dia e meio a percorrer as suas ruas, é fácil discordar.

Se é menos romântica, não é assim tão difícil romantizá-la, especialmente se o futebol já tiver lugar no coração do contemplador.

A segurança é semelhante ao resto do país. Basta respeitar regras básicas, como não partir o esparguete, ou olhar catorze vezes para cada lado antes de atravessar a rua, para não conhecer o ferrão de uma Vespa (ou de algum bicho mais pesado, de uma outra scuderia). De resto, aquilo que a que chamam de «sujidade» pode facilmente ser descrito como «personalidade».

Lá está, a tal romantização da região...

Dizem também que a cidade gira em torno do seu clube local, SSC Napoli. Isso não questionamos. O azzurro domina o cinzento, neste pequeno mundo de uma só squadra. Todos apoiam a mesma equipa e expressam-no por vários meios, nas ruas, nas janelas, na voz, mas quase sempre na mesma forma: o culto das maiores figuras.

Maradona, companhia para almoço @Ricardo Miguel Gonçalves - zerozero

Aqui, Diego Armando Maradona é realmente D10S. Faleceu há três anos, mas nas ruas de Nápoles continua a respirar. Governa, todo-poderoso, com uma presença mais imponente que a do Vesúvio. 

Com o passar dos anos, o craque argentino foi acumulando alguns discípulos. Figuras menos potentes, mas também adoradas pelos mais devotos a esta religião napolitana. Nomes como Cavani ou Hamsik são presença ocasional, embora fiquem aquém da adoração a dois contemporâneos: Kvaratskhelia e Osimhen.

A típica pizza napolitana precisa de apenas um minuto e meio dentro de um forno a lenha para chegar ao ponto ideal. Nesse curto espaço de tempo, em qualquer dada rua, mãos não chegam para contar as referências a ídolos futebolísticos que é possível encontrar.

Entre obras de arte, juras de amor ou ideias quase cómicas, como é o caso do Spritz, típico cocktail italiano que por norma leva um bitter como Aperol ou Campari, mas que em Nápoles vira Maradona Spritz, com Blue Curaçao, ou até mesmo Osimhen Spritz, com Cynar.

Já os napolitanos, caso fossem uma bebida, nem seriam um cocktail, seriam um copo de obsessão pura. Nem todos apreciarão à primeira, mas quem cá vive parece não querer outra coisa.

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