Rui Miguel: «Na Rússia, o clube tirou-me a casa, o motorista e pôs-me a treinar à parte»

2 horas atrás 26

O '4 Cantos do Mundo' é um podcast do jornalista Diogo Matos ao qual o zerozero se uniu. O conceito é relativamente simples: entrevistas a jogadores/ex-jogadores portugueses que tenham passado por pelo menos quatro países no estrangeiro. Mais do que o lado desportivo, queremos conhecer a vertente social/cultural destas experiências. Assim, para além de poder contar com uma entrevista nova nos canais do podcast nos dias 10 e 26 de cada mês, pode também ler excertos das conversas no nosso portal.

Com passagens por Polónia, Rússia, Roménia, Chipre e Moldávia, Rui Miguel foi o mais recente convidado do '4 Cantos do Mundo'. Em 2011, o antigo médio-ofensivo rumou ao Krasnodar com muita ambição, isto depois de uma boa época ao serviço do Vitória SC. Ainda assim, as coisas na Rússia correram mal desde início...

«Uma das primeiras coisas que me disseram foi que eu era o jogador que a direção queria, mas que o treinador não contava comigo. Eu fiquei tranquilo porque estava a atravessar a minha melhor fase e fui com a mentalidade de que, depois de me ver a treinar, o treinador iria passar a gostar de mim. No entanto, cheguei lá na primeira vez, cumprimentei-o e ele não me disse absolutamente nada, esticou-me a mão e virou-me a cara», começou por contar, indo ainda mais longe: 

«Tive vida difícil, mas também não soube esperar, com a minha cabeça limpa aguentei um mês. O que tinha pensado quando fui para a Rússia não se sucedeu, 'esbarrei' no treinador. Na segunda semana ele colou-me a treinar na equipa B e disse-me, através dos adjuntos, que era para eu conhecer o jogo na Rússia. Isso foi tirando-me a motivação e a minha vida era casa-treino, muitas vezes até ficava no centro de treinos do clube.»

Ainda que a relação com o treinador não fosse a melhor, Rui Miguel revelou que não soube gerir a questão da melhor forma. «A meio da época percebi que tinha de sair de lá e dei uma entrevista que gerou um escândalo enorme. Arrisquei um bocado... Houve um jornalista de lá que me contactou para perceber porque é que eu não jogava e eu percebi que tinha de ser ali... Eu disse tudo, queria vir embora e arranjei um pretexto. Não menti em nada, mas falei mais do que devia. Lembro-me que na primeira página desse jornal, um dos melhores da Rússia, eles fizeram manchete com 'Não perca amanhã entrevista bombástica com o português do Krasnodar'», contou, explicando depois a forma como a entrevista foi recebido pelo clube: 

«A notícia só saiu quando eu já estava em Portugal- foi o que combinei com o jornalista- e acordei com centenas de mensagens e chamadas do pessoal do clube. O meu empresário também me perguntou o que é eu tinha feito e disse-me que eles não me iriam deixar sair e que iria ter de voltar lá. Para rescindir tive de lá ir e nem imaginas o filme que foi. Fizeram-me a vida negra, não desejo a ninguém. Estive lá um mês sozinho e tiraram-me casa, motorista e puseram-me a treinar à parte. Diziam-me com pouca antecedência que o treino era num sítio qualquer e eu tinha de arranjar um táxi à pressa... Falei demais, não soube resolver as coisas de outra forma e aquilo deu um problema enorme.»

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