Ursula von der Leyen indisponível para acordos com ‘amigos’ de Putin

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Oficialmente cabeça de lista do Partido Popular Europeu (PPE) às eleições europeias, a atual líder da Comissão rejeitou eventuais acordos pós-eleitorais com bancadas que têm membros “contra o Estado de Direito” e “amigos de Putin”.

Tal como era conhecido antecipadamente, o Partido Popular Europeu (PPE) divulgou que a candidatura de Ursula von der Leyen a cabeça de lista para presidente da Comissão Europeia foi a única recebida. O partido está convencido que continuará a ser maioritário no parlamento europeu depois das eleições marcadas para a primavera e que por isso não terá dificuldade em garantir mais uma vez a presidência da Comissão.

Mas os jornais alemães têm dado conta de que a relação de forças poderá ser alterada em substância – nomeadamente pelo crescimento dos parlamentares representantes da extrema-direita – o que pode colocar alguns entraves ao plano. Não com certeza em termos da Comissão, mas dos diversos organismos do edifício administrativo do bloco – que tradicionalmente é gerido (para alguns, de forma muito pouco democrática) entre conservadores e socialistas.

O presidente do PPE, Manfred Weber, recebeu apenas uma carta de nomeação – do partido democrata-cristão alemão CDU – indicando a atual chefe do executivo comunitário para a posição de cabeça de lista do partido europeu para a recondução no cargo, segundo comunicado sobre a matéria.

A nomeação de von der Leyen tem de ser confirmada em congresso do PPE, marcado para 06 e 07 de março, em Bucareste, e junta-se à do luxemburguês e comissário europeu para o Emprego, Nicola Schmidt, nomeado candidato pelo Partido dos Socialistas Europeus (PES, na sigla inglesa) e que terá de ser também oficialmente confirmado na reunião plenária de 01 e 02 de março, em Roma.

Para já, só os Verdes europeus têm formalmente dois cabeças de lista, mantendo a tradição de avançar com uma mulher, Terry Reintke, e um homem, Bas Eickhout, aprovados no congresso de 02 de fevereiro.

A figura dos candidatos principais surgiu nas eleições europeias de 2014, com os maiores partidos europeus a apresentarem as suas escolhas para futuro presidente da Comissão Europeia, tendo o luxemburguês Jean-Claude Juncker recebido a maioria absoluta dos votos.

No escrutínio de 2019, na sequência do qual Von der Leyen foi votada para presidente da Comissão Europeia, tentou aplicar-se novamente este modelo, mas, por desacordo entre os grupos políticos, estes candidatos principais não ocuparam os altos cargos europeus.

Na sequência da decisão dos populares, Von der Leyen disse que “para mim, é importante trabalhar com grupos pró-europeus, pró-NATO, pró-Ucrânia, claramente apoiantes dos nossos valores democráticos. (…) Como sabem, todas as eleições europeias implicam uma mudança na composição dos diferentes partidos políticos e dos diferentes grupos políticos, por isso, o conteúdo conta e aqueles que defendem a democracia contra os céticos do euro e aqueles que defendem os nossos valores contra os amigos de Putin…é com estes que quero trabalhar e sei que posso trabalhar”.

Um eventual acordo com partidos que são “contra o Estado de Direito é impossível”, sendo também “impossível com partidos amigos de Vladimir Putin”. Questionada em concreto sobre um acordo do PPE com o grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), a candidata disse que “tem de haver um posicionamento muito claro dos políticos” que estão neste grupo depois das eleições.

“Defendem a democracia? Defendem os nossos valores? São muito firmes no Estado de Direito? Apoiam a Ucrânia? E estão a lutar contra a tentativa de Putin de enfraquecer e dividir a Europa? E estas respostas têm de ser muito claras”, afirmou.

Enquanto primeira mulher na presidência da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen foi aprovada pelo Parlamento Europeu em novembro de 2019, com 461 votos a favor, 157 contra e 89 abstenções.

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