ZERO defende estratégia de longo prazo assente em soluções para “maior eficiência” no uso da água no Algarve

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Associação ambientalista deu parecer desfavorável ao projeto de Reforço do Abastecimento de Água ao Algarve – Solução da Tomada de Água no Pomarão, por considerar que insiste na “lógica de aumento da oferta” através de mais captação e armazenamento, quando todos os cenários futuros apontam para “uma contínua redução” da precipitação.

A Associação ZERO deu parecer desfavorável ao projeto de Reforço do Abastecimento de Água ao Algarve – Solução da Tomada de Água no Pomarão, por considerar que insiste “numa lógica de aumento da oferta de água através do aumento da captação e armazenamento de água particularmente, quando todos os cenários futuros apontam para uma contínua redução dos valores anuais de precipitação”.

A Associação aponta a necessidade da região apostar numa “estratégia de longo prazo assente em soluções direcionadas para uma maior eficiência no uso da água disponível”.

O período de consulta pública ao Estudo de Impacte Ambiental do projeto de Reforço do Abastecimento de Água ao Algarve a partir da Solução de Tomada de Água no Pomarão terminou esta semana.

O projeto prevê a construção de uma captação superficial na zona do estuário do rio Guadiana, a montante do Pomarão, com conduta adutora até à albufeira de Odeleite, abrangendo os concelhos de Mértola, Alcoutim e Castro Marim, num total de condutas que varia entre 37 e 41 quilómetros, em função da alternativa de traçado. A captação deverá ser, em média, de 16 a 21 hm3 de água, entre outubro e abril, parando o bombeamento nos meses excecionalmente secos e quando, desde o início do ano hidrológico, forem atingidos 30 hm3 ou atingida a capacidade de armazenamento do sistema Odeleite-Beliche (164 hm3).

A captação de água no Pomarão é uma das medidas do Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve para a qual estão previstos 61,5 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) 2021-2026. O plano inclui também a construção de uma estação de dessalinização do Algarve e o investimento na redução das perdas de água no sector urbano, num investimento total de 237 milhões de euros, dos quais 44 milhões destinados à melhoria da eficiência no uso da água.

“Contrariamente ao preconizado na Diretiva Quadro da Água relativamente à necessidade de implementação de estratégias capazes de tornar os usos e consumos de água mais sustentáveis, prossegue-se numa lógica de aumento da captação e retenção de um recurso escasso para fazer face a consumos insustentáveis através de projetos que fomentam um aumento da procura por esse mesmo recurso”, justifica a ZERO.

Segundo a associação ambientalista, este é “mais um projeto que ilustra esta lógica de intervir diretamente sobre as massas de água para “captação de caudais adicionais destinados a aumentar a retenção e armazenamento de água, não só com o objetivo de garantir que não falta água às populações, mas que simultaneamente pretende garantir que a agricultura praticada na região continua a dispor dos caudais necessários para manter ou, até mesmo aumentar, os seus níveis de consumo e desperdício”.

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