Após segundo adiamento. Detidos na Madeira começam a ser interrogados

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Os interrogatórios judiciais foram já adiados por duas vezes Filipe Silva - RTP

Na sequência de dois adiamentos, está marcado para esta terça-feira o início do interrogatório dos três arguidos detidos na Madeira por suspeitas de corrupção. Em causa estão documentos apreendidos nas buscas que os advogados exigem consultar na totalidade.

Custódio Correia, principal acionista do grupo de construção civil Socicorreia, Avelino Farinha, do grupo de construção AFA, e o ex-presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, vão ser ouvidos no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.

Os documentos em falta só devem chegar esta terça-feira ao Campus de Justiça. Os advogados querem consultar o teor de cerca de 30 caixas deste processo.

A informação foi avançada aos jornalistas, durante a tarde de segunda-feira, por uma funcionária judicial, à porta do Tribunal Central de Instrução Criminal, onde se esperava que os interrogatórios tivessem começado às 14h00. Isto após um primeiro adiamento no sábado.Os três arguidos suspeitos de corrupção encontram-se detidos desde a última quarta-feira. Passaram a quinta noite nas instalações da Polícia Judiciária em Lisboa.

À saída do Tribunal Central de Instrução Criminal, o advogado de Avelino Farinha garantiu que não foram os requerimentos da defesa a ditar o adiamento das diligências.

“Não foram requerimentos da defesa que fizeram despender tanto tempo. Foram questões de lapsos que constavam da apresentação do Ministério Público e que o meritíssimo juiz detetou”, afirmou Raul Soares da Veiga, para acrescentar que as defesas tencionam aceder “a todo o processo”, dado que este “já não está sujeito a regime do segredo de justiça interno”.

“Temos a questão de ter três cidadãos privados de liberdade. Devia haver máxima celeridade para definir a sua situação”, apontou ainda o causídico.

Por sua vez, o advogado do ex-autarca do Funchal Pedro Calado, Paulo Sá e Cunha, voltou a questionar o tempo de detenção dos arguidos.

"Temos que, dentro dos limites da razoabilidade, não descurar a defesa dos nossos constituintes, com as vicissitudes todas do processo que são conhecidas, com aquilo que é razoável fazê-los suportar em termos de privação da liberdade", fez notar.

Também o advogado de Custódio Correia, André Navarro de Noronha, considera que se impõe refletir sobre o funcionamento do sistema judiciário.

"A ideia a reter é de que um sistema em que, ao sétimo dia, o arguido ainda não conseguiu dizer nada não funciona", estimou.

Pedro Calado, Avelino Farinha e Custódio Correia foram detidos na sequência de perto de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias levadas a cabo pela Polícia Judiciária na Madeira, nos Açores e em diferentes zonas do continente.

A operação visou ainda o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, que foi constituído arguido e oficializou na segunda-feira a renúncia ao cargo.

Em causa, nesta investigação, estão suspeitas da prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.

c/ Lusa

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