A bolsa é entregue esta terça-feira, 30 de janeiro, a Jennifer Mancio, investigadora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, que desenvolve um projeto que, através de um algoritmo de inteligência artificial, despista em segundos a presença de doença coronária.
A portuguesa Jennifer Mancio, investigadora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, recebe este terça-feira, 30 de janeiro, no Auditório do Hospital CUF Porto, a Bolsa CUF D. Manuel de Mello, promovida pela CUF e pela Fundação Amélia de Mello.
Trata-se do maior prémio nacional de incentivo à investigação para jovens médicos, no valor de 100 mil euros.
“SAFE-CT: exclusão de doença coronária utilizando inteligência artificial na Tomografia Computadorizada sem contraste”, assim se designa o projeto de investigação de Jennifer Mancio, tem como objetivo melhorar a resposta aos doentes com suspeita de doença coronária.
A doença coronária é a principal causa de morte no mundo, sendo a dor torácica um dos motivos mais comuns de admissão nos serviços de urgência. Em caso de suspeita de doença coronária, está recomendada a realização de uma angiografia coronária por tomografia computadorizada (Angio TC), um exame diferenciado que requer profissionais treinados e acreditados, que implica a administração de contraste iodado e dose acrescida de radiação ionizante.
Na amostra analisada pela investigadora, mais de 35% dos 929 doentes submetidos a Angio TC não apresentaram qualquer doença coronária e, portanto, não beneficiaram da realização deste exame.
“É fundamental encontrar uma estratégia personalizada para selecionar os doentes que efetivamente necessitam deste tipo de exame, evitando assim uma exposição desnecessária à radiação ionizante e ao contraste – e, simultaneamente, a sobrecarga do sistema de saúde”, refere a investigadora.
O projeto liderado por Jennifer Mancio, pretende desenvolver uma estratégia de diagnóstico mais segura para o doente e com ganhos em eficiência para os hospitais. Assim, nos doentes que apresentem dor torácica, este projeto irá permitir excluir em segundos, com recurso a inteligência artificial, a presença de doença coronária através da realização de uma Tomografia Computorizada (TC) com baixa radiação e sem contraste, um equipamento médico disponível na maioria dos hospitais portugueses, o que não acontece com a Angio TC.
“O algoritmo irá indicar o risco individual de doença coronária e ajudará a decidir se o encaminhamento do doente para um hospital central, com Angio TC, é realmente necessário”, explica a investigadora.
Esta tecnologia, sintetiza, contribui para “uma melhoria da prática clínica, com efetivos ganhos para o doente e uma maior eficiência dos recursos em saúde”, nomeadamente, no “aumento da capacidade de resposta dos hospitais para casos que efetivamente necessitem de investigação por Angio TC por outras razões”.
Bolsa CUF D. Manuel de Mello
A Bolsa CUF D. Manuel de Mello é uma bolsa de investigação bienal instituída, em 2007, pela Fundação Amélia de Mello e pela CUF, destinada a premiar jovens médicos, doutorados e afiliados a unidades de investigação de Faculdades de Medicina portuguesas, através do financiamento para os seus projetos. Com 16 anos de história, a Bolsa CUF D. Manuel de Mello já distinguiu projetos de investigação dedicados a doenças como lúpus, alzheimer, esquizofrenia e tuberculose.
Rui Diniz, presidente da comissão executiva da CUF, considera a Bolsa CUF D. Manuel de Mello “fundamental para a promoção da investigação clínica no nosso país, contribuindo para o desenvolvimento da Medicina, por forma a garantir aos doentes os melhores cuidados de saúde e o acesso a inovações clínicas. Este investimento reflete o compromisso da CUF com o progresso científico, que privilegia uma estreita cooperação com as universidades e a aposta contínua em tecnologia, inovação e investigação”.
Vasco de Mello, presidente da Fundação Amélia de Mello, sublinha, por seu turno: “A Fundação Amélia de Mello considera crucial o incremento do conhecimento científico por parte dos médicos que se dedicam à investigação, valorizando-se a transferência para os doentes do resultado desse trabalho. Pela nossa parte, faz sentido a aposta no aprofundamento da investigação pelos médicos e, nesse contexto, temos vindo a aumentar o contributo desta bolsa na área da saúde, o que induz um efeito positivo para todos os profissionais integrados neste sector.”