Na segunda-feira, a Câmara Municipal de Lisboa divulgou que o projeto de Filipa Cardoso de Menezes & Catarina Assis Pacheco -- Arquitetura Paisagista tinha sido o vencedor escolhido pelo júri, no âmbito de um concurso público internacional para a requalificação da Praça do Martim Moniz, que decorreu de março a junho de 2023 e que recebeu 21 trabalhos.
Na sequência deste anúncio, num comunicado enviado hoje à agência Lusa, o movimento Jardim Martim Moniz manifestou reservas em relação à aplicação de uma proposta única de requalificação daquele espaço, defendendo uma "conjugação com as restantes propostas".
"Consideramos que um concurso de arquitetura, como foi desenvolvido, não permitiu um formato verdadeiramente abrangente e inclusivo, nem a melhor forma de abordar a complexidade da praça", pode ler-se na nota.
No entendimento do movimento Jardim Martim Moniz, "o formato tradicional do concurso não permitiu que as equipas elaborassem um projeto realmente participativo, interativo e co-construído com quem irá usufruir" daquele espaço.
"A opção por um concurso tradicional leva a que fiquemos fechados na proposta vencedora. Espera-se que a equipa da Câmara Municipal de Lisboa tome essa proposta como uma ideia base, sujeita à participação e debate por parte de quem irá usufruir da praça", defendem.
O movimento considera ainda que "permaneceu a indefinição relativamente ao futuro da Baixa Pombalina em termos de acesso motorizado" e que há uma "ausência de ideias para as zonas adjacentes e de um Plano de Mobilidade para Lisboa".
"Não houve sequer a preocupação de incluir esta valência no júri, fundamental para a apreciação das propostas relativamente à mobilidade. Tratando-se o Martim Moniz de uma praça onde convergem várias redes de mobilidade, de elevado fluxo, é necessário repensar o esquema de circulação viária", lê-se ainda no comunicado.
A arquiteta Catarina Assis Pacheco explicou que o projeto que está a ser desenvolvido pretende envolver todos os agentes que operam na Praça do Martim Moniz, referindo que a proposta parte de "ideias muito simples", nomeadamente a "vontade de trazer de novo o verde para a praça", tendo em conta "a aridez de toda a área envolvente", com enorme carência de espaços verdes.
O projeto prevê "tirar uma das vias de trânsito", concentrando a circulação automóvel no lado da Rua da Palma, com duas faixas para cada sentido e com uma rotunda a sul da praça, onde se ficarão instalados os terminais de transportes públicos, indicou a arquiteta Catarina Assis Pacheco, sublinhando o pavimento em tons mais claros, refletindo a ideia de ter menos carros na zona da Baixa e de dar espaço ao peão e às bicicletas.
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