S&P Global Ratings sobe rating do BCP e mantém no BPI, Santander e Haitong

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Diz a S&P Global numa nota de research sobre os bancos portugueses BCP, Santander Totta, BPI e Haitong Bank que se nota uma dinâmica de financiamento mais forte em todo o sistema. Sobre o BCP prevê que a rentabilidade suba para 16% em 2025.

A S&P Global Ratings acaba de subir o rating do Millennium BCP, de longo e curto prazo, ao mesmo tempo que reafirma os ratings do Santander Totta e do BPI, embora tenham revisto em alta os seus perfis de crédito stand-alone e mantido as perspectivas positivas para os bancos.

A S&P reafirma os ratings do Haitong Bank e mantém o outlook em desenvolvimento.

Num relatório só a agência de rating reclassifica o risco de quatro bancos privados.

Na nota a S&P Global Ratings diz que os bancos portugueses mantiveram perfis de financiamento sólidos, com o rácio de transformação de depósitos em crédito a permanecer abaixo de 80% em 30 de junho de 2024.

Diz a S&P Global numa nota de research sobre os bancos portugueses BCP, Santander Totta, BPI e Haitong Bank que se nota uma dinâmica de financiamento mais forte em todo o sistema.

“A melhoria contínua da qualidade de crédito do soberano e da conta de resultados dos bancos continuará a apoiar o sentimento positivo do mercado em relação aos bancos portugueses, na nossa opinião”, escreve a agência.

“Entretanto, esperamos que a rendibilidade dos bancos portugueses se mantenha resiliente e com uma eficiência superior à dos seus pares nos próximos dois anos, apesar da descida das taxas de juro”, refere a agência.

“Subimos as notações de rating de longo e curto prazo do Banco Comercial Português”, refere a S&P.

No Banco Comercial Português “elevámos os nossos ratings de crédito de emitente de longo e curto prazo em um nível, de ‘BBB-/A-3’ para ‘BBB/A-2’. Também elevámos o rating de contraparte de resolução de longo prazo (resolution counterparty rating – RCR) e os ratings de emissão do banco em um grau, e afirmámos o nosso RCR de curto prazo ‘A-2’ do banco. A perspetiva é positiva”.

No Banco Santander Totta “reafirmámos os nossos ratings ‘A-/A-2’ e mantivemos a perspetiva positiva. Também afirmamos os nossos RCRs ‘A-/A-2’. Além disso, revimos o nosso perfil de crédito independente (SACP – stand-alone credit profile) do banco de ‘bbb’ para ‘bbb+’.

No BPI “reafirmámos os nossos ratings ‘BBB+/A-2’ e mantivemos o Outlook positivo. Também afirmamos os nossos RCRs ‘A-/A-2’. Além disso, revimos o nosso SACP do banco de ‘bbb’ para ‘bbb+’ e elevámos os ratings do programa dos seus instrumentos subordinados seniores  de ‘BBB-‘ para ‘BBB’ e os da sua dívida subordinada de ‘BB+ ‘ para ‘BBB-‘”

Por fim no Haitong Bank “afirmámos os nossos ratings ‘BB/B’ e mantivemos a perspetiva de desenvolvimento. O SACP ‘b+’ permanece inalterado”.

Os bancos portugueses mantiveram os seus perfis de financiamento sólidos e beneficiam de um acesso mais forte aos mercados de capitais estrangeiros, diz a S&P que acrescentam que os defenderam o seu financiamento sólido no ano passado, com os depósitos a representarem cerca de 80% das suas estruturas de financiamento, excedendo confortavelmente as suas carteiras de empréstimos (rácio empréstimo/depósitos do sistema estimado em 75% no final de junho de 2024 ).

“Não esperamos grandes mudanças pela frente. Além disso, os bancos reembolsaram quase todas as restantes operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas nos primeiros meses de 2024, mantendo simultaneamente uma ampla liquidez (o rácio de cobertura de liquidez [LCR] do sistema situou-se em 273% no final de junho de 2024)”,  refere a S&P.

Os bancos recorreram aos mercados de capitais estrangeiros apenas ocasionalmente e principalmente para aumentar o seu requisito mínimo de fundos próprios e passivos elegíveis (MREL). Mas a diminuição dos riscos económicos e o reforço das finanças soberanas e bancárias apoiaram a confiança dos investidores, garantindo aos bancos portugueses um acesso mais fácil aos mercados de capitais estrangeiros, realça a agência.

A S&P diz que “embora abrande, Portugal continuará a registar um crescimento económico acima da média da zona euro, enquanto a dívida pública e externa deverá continuar a diminuir rapidamente, em comparação com 0,8 % e 1,3% para a zona euro, respetivamente, auxiliados pelo consumo privado, exportações líquidas robustas, especialmente turismo, bem como gastos adicionais de fundos da Next Generation EU”.

A agência de rating acredita que a desalavancagem externa irá provavelmente progredir ainda mais e a dívida pública irá provavelmente cair a um dos ritmos mais rápidos da Europa.

“Não esperamos que a crescente fragmentação política que se seguiu à falta de maioria absoluta nas eleições antecipadas de Março de 2024 altere os planos de redução da dívida governamental ou afecte o crescimento económico”, refere a S&P.

Na banca, a agência prevê “uma ligeira deterioração dos indicadores de qualidade dos ativos, enquanto o mercado imobiliário se manterá dinâmico”.

“Após a liquidação de mais empréstimos problemáticos ao longo de 2023 e nos primeiros meses de 2024, acreditamos que os activos problemáticos poderão aumentar – principalmente entre as pequenas e médias empresas e os empréstimos ao consumo sem garantia – devido ao efeito retardado dos custos de vida mais elevados e das condições de financiamento ainda restritivas”, salienta.

“A deterioração deverá ser controlável, no entanto, uma vez que o crescimento económico continuará a apoiar o emprego e os níveis de endividamento serão menos problemáticos após uma desalavancagem substancial ao longo de mais de uma década”, refere a nota.

“Prevemos que as perdas de crédito do sector se situem ligeiramente abaixo dos 60 pontos base durante os próximos anos. Além disso, o rácio de crédito problemático atingirá provavelmente um pico de cerca de 4,75% até ao final de 2025, face a uma estimativa de 4,0% no final de 2023, uma melhoria significativa face aos mais de 10% em 2018 “, destaca a S&P.

Entretanto, os aumentos dos preços da habitação deverão continuar a desaceleração iniciada em 2023, depois de ter aumentado cerca de 10% em média entre 2016-2022. “Em particular, prevemos taxas de crescimento nominal anual de 3,0%-3,5% durante os próximos dois anos, com a procura externa a continuar a ser um factor importante. No entanto, é provável que menos de metade das transacções imobiliárias residenciais sejam financiadas por crédito interno, como tem acontecido nos últimos anos”, lê-se na nota.

“No geral, esperamos que o desempenho das hipotecas residenciais se mantenha, dado o emprego ainda elevado e os rácios médios de empréstimo/valor (LTV, loan to value) contidos no sistema (LTV médio de 69% em novos empréstimos no final de 2023)”, segundo a S&P.

A agência espera que os bancos mantenham uma rentabilidade sólida e uma eficiência superior à dos seus pares.

“Os bancos portugueses continuarão a registar uma boa rentabilidade, ainda que abaixo dos picos de 2023, com a rendibilidade dos capitais próprios a situar-se em cerca de 10% nos próximos dois anos e o cost-to-income a aproximar-se dos 40 %. As suas margens de juro líquidas deverão diminuir num contexto de taxas de juro mais baixas, que serão transmitidas em maior medida às suas bases de activos, mas os bancos deverão beneficiar de estruturas operacionais simplificadas e de perdas de crédito contidas”, defende a agência de rating.

“Revimos a nossa pontuação de risco da indústria para o setor bancário português de ‘5’ para ‘4’ e reclassificamos o sistema como estando no grupo 4 da Avaliação de Risco País do Setor Bancário (BICRA) (de 5). Como resultado, revimos em alta a nossa âncora (o ponto de partida para a atribuição de uma notação de crédito de emitente) para os bancos que operam principalmente em Portugal, de ‘bbb-’ para ‘bbb’”, detalha a S&P.

Outros países europeus do grupo 4 da BICRA incluem a Espanha, a Polónia, a Islândia e a Eslovénia.

“A nossa avaliação de risco económico para Portugal mantém-se em ‘5’, com uma tendência positiva, indicando uma diminuição dos desequilíbrios externos. A tendência estável do risco da indústria reflecte a nossa visão de que os bancos manterão uma rentabilidade sólida e bons perfis de financiamento, com uma maior capacidade de explorar os mercados de capitais internacionais”, conclui.

Justificação sobre subida de rating do BCP (ROE subirá para 16% em 2025)

A atualização do rating do BCP reflete a redução dos riscos do setor no sistema e a melhoria do perfil de risco de crédito do banco, tanto em termos absolutos como relativos.

Sendo o maior banco privado em Portugal, o BCP reduziu para metade o seu stock de NPE desde o final de 2019 (para um rácio de NPE reportado de 3,4% no final de junho de 2024), ao mesmo tempo que registou uma rentabilidade sólida, melhorando a sua capitalização e mantendo uma ampla liquidez e um perfil de financiamento equilibrado, explica a S&P.

“Antecipamos que o BCP continuará a beneficiar de uma forte capacidade de geração de resultados e de uma eficiência superior à dos seus pares, o que, por sua vez, deverá continuar a suportar a sua capitalização, apesar de uma maior distribuição de dividendos aos acionistas e de potenciais recompras de ações. Em particular, projetamos que a rentabilidade dos capitais próprios do BCP se situe em cerca de 16% e o cost-to-income em 34% ao longo de 2024-2025, enquanto o nosso rácio de capital ajustado ao risco (RAC) deverá rondar os 10%”.

“Por sua vez, a forte rentabilidade e a solidez do capital proporcionarão ao BCP um amortecedor para acomodar provisões para riscos relacionados com os créditos em francos suíços na Polónia, que ainda são elevadas, embora em declínio, em 2024 e 2025”, diz a agência.

“Entretanto, esperamos alguma deterioração da qualidade dos activos, mas dentro de níveis controláveis”, prevê a S&P sobre o BCP.

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