Segurança europeia está dependente da cobrança de faturas

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Eram apenas três há dez anos e agora são 11 os países que já gastam pelo menos 2% do PIB na área da defesa. Portugal não é um deles e o líder dos patrões espera que o dinheiro seja gasto em indústria de paz.

Estados Unidos, Reino Unido e Grécia. No final de 2014 – ano em que a Rússia anexou a Crimeia – apenas estes três países entre os 30 Estados-membros da NATO gastavam mais de 2% do seu orçamento na área da Defesa. E, convém recordar, a Grécia fazia-o não tendo em vista a defesa da aliança atlântica, mas porque geria um conflito militar latente com a Turquia, por acaso um ‘colega’ da NATO. Uma década e um mandato presidencial de Donald Trump depois, alguma coisa mudou: neste momento, pelo menos 11 Estados-membros atingiram o patamar dos 2%. São apenas 35% do total, mas aparentemente já são os suficientes para que o ainda secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, considere a percentagem satisfatória para calar o ‘regressado’ Trump.

Não chega, por certo, mas bastou para mudar os azimutes: o debate sobre a possibilidade de a União Europeia investir na autossuficiência da sua segurança (por outras palavras: na criação de um exército comum) voltou ao topo da agenda. Para dar um sinal nesse sentido, o Banco Europeu de Investimento (BEI) criou uma linha específica para investimentos na defesa com um financiamento da ordem dos oito mil milhões de euros. Só dá para comprar 80 caças F-16, mas o financiamento é para a indústria produtiva e não para material – mas a relação entre os dois valores dá uma ideia da ‘enormidade’ de dinheiro que custaria criar um exército europeu – mesmo que houvesse pelo menos 27 fontes de financiamento.

Mas talvez o principal problema seja outro: é que ninguém parece acreditar na possibilidade de a opção ser mesmo isso, uma opção. A não ser que tudo mude com a eleições de Donald Trump. Vários analistas ouvidos pelo JE são claros nessa matéria: “há um grande debate neste momento, que vai prolongar-se até às eleições europeias, que vai marcar o futuro” do eventual exército comum, refere o analista Francisco Seixas da Costa. Mas nada disso quer dizer que a resposta, ao cabo desse debate, seja ‘sim’. Desde logo porque a possibilidade de criação de um exército comum tem tantos anos quantos os anos que nos separam do fim da II Guerra. A França foi desde sempre a menos interessada nessa solução (recorde-se que chegou a sair da NATO por incompatibilidade de divisão do comando), mas o certo é que, ao cabo de oito décadas pouco mais foi feito que compras em grupo, para poupar uns cobres.

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